Atravessando as ruas

Olá!

Aqui na Irlanda, assim como no Reino Unido, o volante dos carros é localizado do lado direito do carro, o oposto do que estamos acostumados. Assim, a mão das ruas é invertida e, quando você chega aqui pela primeira vez, fica meio confuso para atravessar as ruas.

Agora, imagina como isso é difícil para uma pessoa perdida e sem senso de direção como eu?
o.O

Mas aqui é Dublin, então, as ruas são pintadas com a indicação de qual lado você deve olhar. Isso ajuda muito =)


Mas porque é assim?

A origem da mão inglesa (e da irlandesa, por consequência) vem dos tempos dos cavaleiros na Inglaterra. Como a maioria era destra, ao cruzar com outras pessoas, faziam isso pelo lado esquerdo, protegendo assim a sua espada e, ao lutar, como seguravam-na com a mão direita, precisavam manter seus inimigos deste lado, o que exigia que se mantivessem do lado esquerdo. Quando os ingleses produziram os primeiros automóveis, seguiram a lógica da direção ficar à direita e o carro circular pela esquerda.

Como no Star Wars

Sabe o filme Star Wars? Então, sabe aqueles robozinhos brancos que usam uma arma laser? Então, sabe o barulhinho que a arma faz? Os faróis, para te avisar que estão abertos, fazem esse barulhinho. Muito engraçado =)

P.S.: Sem muitas novidades, estou só me acostumando com a casa nova por enquanto. Ah, e passando horas e horas com o meu querido namorado no Skype, para saber todas as novidades da viagem dele para New York *____*

De uma casa para outra

Olá!

FINALMENTE, temos uma casa para chamar de nossa! E vos escrevo aqui da sala, feliz e contente, de banho tomado, alimentada, aconchegada e com os pés gelados (isso não muda nunca, não tem jeito).

A mudança foi tranquila. Arrumamos as coisas, chamamos um transfer (25 euros) e pronto! Por enquanto, temos uma cama e um sofá, então vamos nos revezar em uma noite em cada. Mas, até o final do mês, uma de nossas roomies voltará para a Alemanha, então teremos a outra cama disponível.

Como eu ainda não tinha falado nada sobre a casa da host-family, vou dedicar este post a um resumo das duas casas: a antiga e a nova.

Host family – Dublin 20

Estrutura: casa grande, de três andares, com jardim na frente e nos fundos.

Pessoas: a família é composta de 3 pessoas (mamis, papis e filho) e eles alugam a casa para estudantes há mais de 14 anos!

Coisas boas: podíamos frequentar a cozinha, sala, jardim, banheiro. Mas ficávamos mais mesmo no quarto, por vergonha, eu acho. Brasileiro é fogo, não consegui me sentir muito a vontade na casa dos outros, sabe? Já o Miguel, nosso amigo espanhol, sempre estava à vontade.

Coisas ruins: o aquecedor do quarto e banheiro nunca funcionava quando queríamos. A distância da escola era braba, 20 minutos de ônibus todos os dias (1,95 euro por viagem).

Quarto: era legal, duas camas, banheiro privativo, armário, criado-mudo, mesinha.

Nosso quarto =)

Cozinha: bem grande e podíamos usar tudo para preparar o nosso café (torradas, margarina, geléia, chá, cereais, NUTTELA) ou esquentar o nosso jantar (algo meio pré-pronto e industrializado, e sempre com batatas). O que eu mais gostei em termos de estrutura foi o fogão (elétrico, rápido, potente, fácil de limpar) e o negócio de esquentar água (uma chaleira elétrica, que ferve a água em 1 minuto!).


Avaliação geral: Boa. Apesar de não ter toda a interação e troca de experiências com a família, como eu esperava, fomos muito bem recebidas e acomodadas. Eu recomendo, é um alívio você ter um lar, mesmo que provisório, nas primeiras semanas de desespero intercâmbio.

Flat – Dublin 1

Estrutura: flat de tamanho médio, com cozinha/sala (juntas), banheiro e dois quartos. Por aqui é tudo bonitinho: o papel de parede (passarinhos e grafismos), os móveis (retrô), os lustres (super clássicos) e o chão do banheiro (quadriculado).

Sala lindinha *_____*

Pessoas: por enquanto, estamos dividindo o apê com 3 meninas (Yujin – sul-coreana, Jan – francesa e Christina – alemã). Bem legais e receptivas =)

Coisas boas: o flat é lindo, super agradável. É bem casa de menina mesmo! E nada de brasileiros, o que melhora o nosso inglês e possibilita a troca de experiências. Ah, além disso estamos a 15 minutos da escola e do centrão de Dublin.

Coisas ruins: ainda não temos um quarto definitivo para chamar de nosso, mas isso será resolvido em poucos dias. É um pouco complicado dividir a cozinha e o banheiro nos horários de pico.

Quarto: são lindos! A cama que temos agora está em quarto super fofo, com parede roxa, móveis pretos, lustre romântico. *_________*

Cozinha: é pequena e integrada com a sala. É meio complicado cozinhar em uma pia pequena, ainda mais para mim que estou acostumada com uma pia gigantesca em casa. Mas é bem arrumadinha e possui tudo de necessário, até a chaleira mágica de ferver água em um minuto =)


Avaliação geral:
Excelente, até agora. Eu senti uma coisa boa com esse lugar e estou me sentindo completamente feliz e à vontade aqui!

Ontem tivemos o nosso primeiro jantar, feito por nós mesmas (strogonoff de frango, arroz e salada de alface com tomate) e hoje estou cozinhando feijão (preto, há mais de 1h30 no fogo – não, não temos panela de pressão) e lavando roupas (há mais de 1h30 na máquina). Lerê, lerê…

=D

Depois eu comento sobre a questão das compras no supermercado, porque é um capítulo à parte. Até agora foi tudo bem, bom e barato. Temos comida para a semana toda, por um valor bem baixo.

Indicação

Eu ainda não comentei aqui, mas o nosso intercâmbio foi conduzido por uma agência, a Educnet. Eu procurei algumas antes e não senti confiança. Mas o meu pai trabalhou coma Educnet por muitos anos e, conversando com a Solange, sentimos confiança.

As negociações correram sem problemas, desde a assinatura do contrato, ao pagamento super facilitado e as documentações/recomendações para o embarque. E eles nos deram a MAIOR força do mundo com as malas, em um momento em que estávamos completamente desesperadas!

Para quem ficou interessado, segue o site: http://www.educnet.com.br.

P.S.: Finalmente, encontramos um lugar que toca música boa! Não é bem um pub, mas sim um bar/porão cheio de cartazes de bandas nas paredes. No dia que fomos (domingo) tinha um cara mandando um blues, só ele, a guitarra e a gaita. Pirei! Depois, uma banda mandando um som diferente, cheio de movimento. Os caras tocaram até Marvin Gaye!

P.S.: Hoje abri o meu e-mail e vi 3 respostas aos meus contatos sobre vagas de emprego para Au Pair. Será que vira alguma coisa? Eles vão me ligar hoje à noite! Cross your fingers! *_____*

Até!

St. Patrick’s Day

Olá!

Olha que orgulho, estou postando em dia \o/

Ontem foi o dia de St. Patrick, famoso padroeiro da Irlanda, que trouxe para cá o Cristianismo. Eu poderia dedicar este post à vida dele, à missão a que ele foi designado aqui e às lendas a respeito disso tudo. Mas, como a maioria das pessoas associa este dia não aos feitos de St. Patrick, mas sim a bebibas e bagunça, vamos falar do lado mais festivo da comemoração. Deixo os feitos de St. Patrick para outro dia, na ocasião da visita a sua incrível catedral (que estou louca para conhecer *_____*).

O dia em que todo mundo quer ser irlandês

Essa data (17 de março) já era comemorada pelos irlandeses desde o século X. Porém, apenas em 1600, é que se tornou reconhecida pela Igreja Católica. Em 1903, o governo reconheceu a data como um feriado público. A primeira parada aconteceu em 1931 e o primeiro festival apenas em 1996, com uma audiência de 430 mil pessoas. Em 1997, o festival durou três dias. Já em 2001, foi prestigiado por mais de 1,2 milhões de pessoas. Atualmente, a organização do evento leva mais de 18 meses para planejar o festival. Ou seja, nesta hora, já estão planejando o do próximo ano! o.O

Dias de pura festa!

Este ano, por causa do feriado bancário que é na segunda-feira, o festival durou quatro dias. E com programações para todos os gostos: música, dança, parada, exposições. Escolhi algumas coisas para fazer mas, como as mais legais aconteceriam no sábado – e competiriam com os pubs e bebidas, acabei perdendo.

A parada é o ponto alto do festival. O tema deste ano era “Explorando as maravilhas e curiosidades da ciência”, baseada em perguntas que as crianças sempre fazem: “O que faz a água mudar? Como a eletricidade é feita?” e as respostas das crianças de escolas de todo o país, mais malucas do que as próprias perguntas (Porque a gente sonha? “We dream because our brain is bored”. Como podemos dizer a idade de uma floresta? “If you go deep enough into the forest, which you probably won’t, you might find a talking bear or fox and they will tell you”), ajudaram a criar o conceito criativo da parada. Algumas empresas, de toda a Irlanda, ficaram responsáveis por responder a cada uma dessas perguntas em cada bloco da parada.

Para pegar a parada, saímos cedo de casa. No caminho, mesmo aqui em Palmerstown, você já via muitas pessoas e crianças de verde e laranja, carregando bandeirinhas, com os rostos pintados, com chapéis engraçados. Chegando no centro, começou a magia do negócio. Quem já foi em um show de rock deve imaginar do que estou falando. Sabe aquele momento em que o pessoal vai entrando no estádio, vestido de preto e com a camiseta da banda e você sente aquela energia, aquela empolgação, de todo mundo estar ali pelo mesmo objetivo? Pois bem, ontem foi assim, só que mais alegre. Afinal, estava todo mundo colorido e engraçado \o/

Não ficamos na rua principal, pois estava impossível de tão lotada. Fomos para a Damien Street, dica do professor Ciaran, uma rua secundária por onde a parada passa. Bem menos pessoas e eu consegui subir em um meio poste que estava na calçada e fiquei responsável pelo registro fotográfico do evento.

E demorou, só depois de umas duas horas que estávamos ali, é que os primeiros movimentos passaram. Começou com uma carruagem, com a filha do presidente lá dentro. Depois, um ônibus de dois andares com gente importante, talvez o próprio presidente estivesse lá, não consegui saber. Depois bandas de marchinha, uma graça. E logo vieram os blocos alegóricos. Lindos, criativos, teatrais. Adorei!


Depois da parada, decidimos que era hora de começar os trabalhos com as bebidas! Como a prefeitura já sabe como é, a venda de bebidas só foi liberada nos supermercados após as 16h, horário em que as famílias com crianças já teriam deixado a área central. Medida super sensata na minha opinião, já que o pessoal não estava para brincadeira ontem no quesito bebedeira.

Compramos as bebidas no supermercado (6 latas de Guinness – das quis bebi 4 = 2 litros – por 10 euros), fomos para a casa dos guris de Floripa e ficamos por lá, bebendo, conversando, cantando e tocando violão, ouvindo rock ‘n roll e David Gueta (que a Marcela insistia em colocar – “Gente, rock é música para quando estou sóbria! Quando estou bêbada, quero ouvir David Gueta!”). Foi muito legal. O pessoal é muito gente boa e é incrível você poder contar com pessoas que estão na mesma situação que você, compartilhar histórias, trocar informações. Adorei passar o St. Patrick’s Day com vocês e com a Guinness, guys =)

El logo começou a cantoria: “Pub, pub, pub, pub!” e decidimos que era hora do pub, finalmente. O centro já estava completamente mudado. Vários prédios estavam verdes “Olha, Aline! O GPO tá verde, vamos tirar foto! Eu adoro o GPO, seu lindo!”, havia sujeira nas ruas (que feio, pessoal!) e gente bêbada por todo o lado. Comemos no Mc Donald’s (rápido e barato) e saímos à procura de um Pub. E nada, tudo lotado, com 20 minutos de espera para entrar, seguranças mal educados “Aqui no Temple Bar tem mais de 20 pubs. Escolhe outro então, já que não quer esperar” e um frio dos diabos.

Achamos um que poderia acomodar a nossa pequena comitiva de quase 15 pessoas e entramos. Lotado, quente, gente bêbada dando vexame (tipo, a mulher estava com um vestido, sem calcinha e com tudo de fora, tenso). E o som era um eletrônico, meio pop e muito safado. Cara, onde estão os pubs de rock dessa cidade?

Não aguentamos muito, a ressaca começava a fazer efeito e decidimos que era hora de ir pra casa. Se fosse em São Paulo, pagaríamos uma fortuna por um táxi ou ficaríamos largadas em um canto, até os ônibus voltarem a circular. Mas aqui é Dublin, então conseguimos pegar o Night Bus, que passa de uma em uma hora e cobre os principais pontos da cidade. Ele é mais caro (5 euros), mas é uma salvação! Fiquei encantada =)

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E hoje, dá-lhe água para fazer a ressaca passar! Por enquanto, estamos descansando em casa, até que alguma inspiração divina ou mensagem surja, dizendo onde será a boa de hoje (afinal, amanhã é ferido = no classes!). A boa notícia do dia é que nos mudamos amanhã! Poder cozinhar, economizar em comida e condução e se sentir mais à vontade, não tem preço =)

Até!

Dos acontecimentos recentes

Hello, guys!

Mais uma vez, não cumpri o deadline dos posts. Mancada, eu sei. Mas vamos lá, vou me redimir agora com um relato completo dos acontecimentos dos últimos dias \o/

Quarta-feira, dia das surpresas boas

O dia começou com uma coisa que surpreendeu todo mundo na cidade: um belo sol, meio tímido, mas quentinho! Isso, dizem os nativos, é muito raro de acontecer. Decidimos então que estava na hora de conhecer outra famosa atração de Dublin: o St. Stephen’s Green Park.

Até 1664, quando finalmente foi murado, sua área era utilizada como pasto. No final do século XVIII, o entorno do parque se transformou em uma área muito valorizada, residência da alta sociedade de Dublin. Nesta época, foi decidido que o parque seria restrito para os moradores da região, um absurdo. Somente em 1877 é que o acesso ao público foi novamente liberado, graças ao apoio de ninguém menos que um dos membros da família Guinness, que arcou com os custos de redesenho do parque, que é mantido até hoje (sou fã desses caras).

O lugar é lindo e o legal é que a prefeitura faz o seu papel. Mal entramos na primavera e o parque já está todo florido, com flores recém-plantadas. Sensacional. Lá, você pode deitar na grama e ler um livro, pode sentar na grama e almoçar, pode deitar na grama e tirar um cochilo. Tem banquinhos e coretos também, mas o pessoal gosta mesmo é da grama, viu?

No meio do parque tem um lago maravilhoso, com milhares de patos, cisnes, pombas e outros pássaros que eu não sei identificar. E eles se deixam fotografar, filmar, alimentar, bem de pertinho. E eles voam em cima de você, se você der pãozinho. Sim, quase fomos atacadas >.<


Depois, fomos para o Natural History Museum. Eu nunca iria em museu desses (talvez apenas no de NY, que fiquei encantada após assistir o filme “Uma noite no Museu”). Mas, como estamos morando aqui e a entrada é de graça, decidimos ir. Ainda bem =)

O Museu funciona desde 1857, em um edifício pequeno, mas charmoso. O andar térreo abriga uma exposição com animais típicos da Irlanda (pássaros, mamíferos, peixes, insetos). Já o andar superior abriga uma exposição de animais do mundo (elefante, girafa, leões, hipopótamos absurdamente gigantes).

Bom, eu achei meio nojento ver alguns daqueles animais (em especial os insetos, as borboletas, os ratos e os frutos do mar). E achei meio triste ver aqueles animais assim, parados, em poses que os caras quisessem que eles ficassem (atacando, alimentando os filhotes, brigando), eternamente. Mas achei legal. Eu não me lembro de ter visto uma girafa, zebra ou elefante de perto, nas minhas idas ao zoológico na infância. Então, valeu para “conhecer” os bichinhos.

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Quinta-feira de cinzas

O dia começou com uma triste constatação, que me persegue até agora: o CAE (Certificate in Advanced English – Cambridge University) é um sonho distante para mim. Tivemos a prova e foi devastadora! Começou com um teste geral de 20 minutos, para eles saberem se vale a pena corrigir o restante da sua prova ou não. Logo depois, um agradável teste de 1 hora de Reading, com terríveis exercícios para ordenar parágrafos de textos. Como se não bastasse, mais 1 hora de General English, onde você tem a certeza de que deveria estar no nível básico e não no avançado. E, para finalizar, 40 minutos de Listening que, quando você menos percebe, acabou e você entendeu apenas 7,3% do que os diálogos diziam. É, bora estudar filha…

Para me animar um pouco, fomos conhecer mais de Dublin, um lugar que eu queria há tempos: o museu dentro do General Post Office, a sede dos correios da Irlanda. O prédio, além de possuir uma bela arquitetura e um porte magnífico (que se vê de longe), é ponto de encontro da galera (ah, nos encontramos amanhã às 14h no GPO, ok?) e ainda foi palco de um dos acontecimentos mais importantes da história da Irlanda Moderna: o Levante da Páscoa de 1916.

Esse foi o primeiro movimento mais concreto para a independência da Irlanda. Neste dia, os rebeldes tomaram o GPO e um dos líderes do movimento, Patrick Pearse, leu a Proclamação da República da Irlanda na escadaria. Os rebeldes ficaram por sete dias no GPO, mas o bombardeio do exército britânico os forçou a sair. Sim, o prédio ficou bem destruído. Sim, os 14 líderes do movimento foram presos, espancados e fuzilados. Mas foi ali que tudo começou. Depois disso, os caras viraram mártires e a população começou a apoiar mais a causa da independência, que veio finalmente em 1921.

Proclamação da República da Irlanda


Sexta-feira, pré St. Patricks Day

A sexta-feira começou chuvosa. E a preguiça de sair da cama reinava aqui em Woodfarm Acres, Palmerstown. Após o nosso habitual pão com Nutella no café da manhã, decidimos sair para comemorar o começo do St. Patrick’s Weekend (porque tem programação para todo o final de semana).

Fomos ao Irish Craft Beer, um festival de cerveja, com exposição de cervejeiros aqui da Irlanda, não tão famosos e talentosos quanto o Artur Guinness, mas bons também. Bebemos, comemos crepe de Nutella (é, o vício está foda) e conversamos com pessoas na mesa.

E depois resolvemos que era hora do Pub. Mas não queríamos Pubs tradicionais, que tocam aquelas músicas irlandesas (que eu adoro, vou deixar claro), mas sim algum que tocasse rock ‘n roll, poxa! E cadê que achamos? O Tony, nosso host-brother, fez uma lista de Pubs não turísticos pra gente, mas esquecemos em casa.

Por fim, acabamos em uma rua onde uma banda estava se apresentando ao ar livre (e frio), em comemoração ao St. Patrick’s Pre-Day. Pegamos os pints em um Pub e saímos para a rua, como todo mundo, para ver o show. Os caras mandam muito bem. Tem banjo, tem gaita, tem violoncelo. E o vocalista é muito doido. Adorei o som deles! Olha como eles são legais:


Cantamos, dançamos, bebemos. E, quando o show acabou, estávamos com dois copos na mão, longe do Pub e sem ninguém por perto. Pensamos: “A nossa honestidade é tanta assim?”. Decidimos que não e agora dois lindos copos de Pint (Guinness para mim, Heineken para ela) brilham em nossas prateleiras. ^^

Trançando as pernas e morrendo de fome, decidimos que era hora de passar no supermercado e abastecer as nossas reservas de comida, até o dia da mudança para o apartamento (nos próximos dias, a comida é por nossa conta – nada de jantinha da host-mother). Ótimo, tudo baratinho. Caixa self-service, super moderno. Mas esquecemos a sacola de pano, erro estúpido. Solução? Sair com os braços cheios de leite, macarrão, molho bolonhesa, guarda-chuva e Nutella pelas ruas-lotadas-de-pessoas-afora. Hilário, para não dizer humilhante =P

E foi isso.

Amanhã, o dia principal do St. Patrick’s Weekend. Chapéu verde comprado, unhas pintadas, despertador programado.

*_______*

See you!

A universidade mais rica do mundo

Olá!

Estou atrasada, eu sei. Mas não é fácil escrever tudo isso, sabe? Eu sei que exagero, mas eu gosto assim e acho que vocês também =)

O passeio de ontem foi cinco estrelas, pois estamos falando de uma das maiores e mais históricas atrações de Dublin. Sim senhores, com vocês, a Trinity College! Já havíamos passado por lá para fazer a carteirinha de estudante, mas naquele esquema de olhar sem realmente ver. Posso dizer então que a surpresa aconteceu do mesmo jeito, como se fosse a primeira vez =)

Entrada principal

Estamos falando da universidade mais antiga e com o melhor nível de ensino da Irlanda, da 65ᵃ melhor universidade do mundo e 21ᵃ melhor universidade da Europa. Também, ninguém menos que Bram Stoker (sim, o do Drácula mesmo – que é irlandês, aliás), Oscar Wilde (s2), Samuel Becket (ganhador do Nobel de literatura) e diversos políticos estudaram por lá.

Pátio central

A universidade foi fundada em 1592 pela rainha Elizabeth I (filha do Henrique VIII, que já comentei por aqui), no local de um mosteiro agostiniano. No começo, ocupava apenas um pequeno espaço mas, como o passar do tempo, parceiros foram surgindo, os cursos foram sendo formatados, os livros para a biblioteca foram sendo adquiridos e sua fama foi surgindo.

Campanário

No começo, apenas os alunos de famílias protestantes eram aceitos. Mas, a partir de 1873, os católicos também passaram a frequentar a universidade. Mas, até então, só os homens podiam estudar lá, vê se pode? Foi somente em 1904 que as mulheres começaram a ser aceitas.

Estátuas de homens importantes para a universidade

Hoje em dia, a universidade conta com três faculdades principais: 1) Faculdade de Artes, Humanidades e Ciências Sociais; 2) Faculdade de Engenharia, Matemática e Ciências; 3) Faculdade de Ciências da Saúde. Dentro delas, estão divididos os inúmeros cursos de graduação e pós-graduação. Imagina, ter um diploma da Trinity? #Morri

O campus é MARAVILHOSO! Além de prédios grandes, históricos, de belíssima arquitetura e jardins impecáveis, o ambiente é calmo, alegre, cheio de pessoas (estudantes, professores, turistas, grupo de crianças em excursão) passeando, almoçando nos jardins, conversando, fotografando e até fazendo acrobacias.

=D

Infelizmente, quase todos os prédios são fechados para visitação ao público, pois poderia atrapalhar o funcionamento da universidade. Então fica a vontade de conhecer o que está lá dentro e se imaginar ali um dia, lendo o Retrato de Dorian Gray e se emocionando ao pensar que o cara que escreveu o livro que você tanto gosta estudou ali.

Mas eu disse quase todos, certo? Sim, tem um muito especial é aberto ao público. E, eu não sei o que tem nos outros, mas acho difícil que eles sejam mais valiosos do que esse que eu visitei. Estou falando da Old Library! Como o próprio nome diz, é uma biblioteca antiga. Quem me conhece, sabe que eu sou fascinada por bibliotecas e por coisas antigas. Ok, eu já estaria satisfeita só com isso. Mas essa não é uma biblioteca normal, ah não. Uma de suas salas armazena o Book of Kells (manuscrito medieval) e sua sala principal, o Long Room, é uma das coisas mais fascinantes que já vi na vida.

A exposição começa com a sala do Book of Kells. Ele é um manuscrito medieval, feito por monges (4 escribas e 3 artistas, ou seja, feito a 7 mãos!) por volta do ano 800, riquíssimo em iluminuras, escrito em latim e que contém os quatro evangelhos do Novo Testamento, sobre a vida de Cristo. Ele não foi feito para ser usado em leituras do dia a dia, apenas em cerimônias e ocasiões muito especiais. Em toda a sua cronologia, ele foi começado, terminado, roubado, recuperado, ficou desaparecido, foi encontrado e, finalmente, foi devidamente armazenado. Em virtude da sua grande beleza artística e da excelente técnica de seu acabamento, ele é considerado um dos mais importantes vestígios da arte religiosa medieval. Olha só que tesouro? *____*

A página mais elaborada do livro, parte do evangelho de St. Matthew

A exposição segue essa lógica: 1) contextualização da época (primeiros contatos daquele povo pagão que aqui vivia com o Cristianismo); 2) como era o trabalho dos monges (as missões que precisavam fazer, as cerimônias, em qualquer hora do dia e da noite); 3) manuscritos similares (Book of Mulling, Book of Oimma – este último com uma perfeição que eu não consigo entender); 4) do que eles eram feitos (de pele de bezerro , que era imersa em excremento e depois raspada com uma faca para retirar os pelos e, depois de seca, era dividida em duas páginas ou do latim bifolia); 5) com o que eles escreviam (penas de ganso ou cisne, gigantescas, além de compassos para ajudar nos desenhos); 6) do que eram feitas as tintas (pedras, plantas, cascas de árvores); 7) como os monges escreviam e desenhavam (os monges escribas escreviam, os monges aristas desenhavam); 8) como era o acabamento (com madeira, pele de bezerro, linhas grossas); 9) como eles faziam como erravam (se a página estivesse errada, desenhavam cruzes nela e, se errassem apenas uma palavra ou outra no texto, faziam um símbolo indicando que era um erro). E finalmente, em uma sala especial, temos o Book of Kells.

Lá, temos dois volumes do Book of Kells abertos (são quatro ao todo): um com o evangelho de St. Matthew (com o retrato dele em uma página – folio 28v e Liber generationis, palavras de abertura de seu evangelho em outra página – folio 29r) e outro com textos – Folios 145v-146r – ‘A prophet is not without honour, but in his own country’).

St. Matthew

Olha como as letras eram decoradas!

O tempo todo você se pergunta como esses caras conseguiam fazer isso, com tão poucos recursos. Cara, eles escreveram o livro a mão, que é enorme! Imagina quanto tempo levaram? E ainda decoraram tudo, com letras rebuscadas, iluminuras, cheias de significados. Nada está ali por acaso, tudo quer dizer alguma coisa. Sensacional.

Agora, para falar do Long Room, vou precisar descrever exatamente o que senti e pensei, para que vocês possam ter uma noção da grandiosidade do que estou falando.

E lá vai a Talita subindo a escadaria que dá acesso ao Long Room. No topo, ela vê uma placa dizendo que, excepcionalmente hoje, poderá ver de perto o trabalho de restauração dos livros antigos. Ela pensa: “Uau, sempre quis ver algo assim!”. E lá estão as moças, limpando os livros com pincéis e luvas roxas. Ela pensa: “Nossa, acho que eu ia tremer só de segurar um livro tão valioso assim… Caramba, que curso será que ela fez na faculdade? Será que estudou aqui? Poxa, deve ser tão legal. Acho que eu gostaria de trabalhar com isso. Será que estou na área errada? Será que…”. E Talita é chamada de volta à realidade por Aline, que sensatamente lembra que ainda temos muito o que ver, antes do espaço fechar. Ok.

Olhando para o lado, Talita vê os painéis de uma exposição temporária sobre a França de Louis XIV, feita com gravuras e ilustrações dos livros que estão expostos no Long Room. Ela pensa: “Hum, eu adoro a França e todos os Louis! Que legal, vou prestar bastante atenção. Será que foi o Louis XIV que fundou Versailles? Porque eu lembro que tinha uma estátua dele na entrada de Versailles… Vou pesquisar isso depois.”.

Enquanto pensa com seus botões e olha os painéis ao seu lado, Talita não percebe que entrou finalmente no Long Room. Só quando ela ouve os “ohhhh” das pessoas ao seu lado e sente um aroma doce, amadeirado, empoeirado, é que ela olha para a frente. Puta que pariu. Talita para e não consegue pensar em mais nada. Nada. Ela só olha para aquele ambiente enorme (mede 65 metros de ponta a ponta), com todos aqueles livros velhos (mais de 200 mil exemplares), todos aqueles bustos entre as prateleiras (grandes filósofos e escritores da humanidade – e o primeiro é logo o Shakespeare *____* – como se fossem os guardiões daqueles tesouros), inscrições em latim por todo o lado e aquele teto de madeira, completamente arqueado.

Foi exatamente isso que eu vi *_________*

E eu não cansava de olhar para a frente, para gravar todos os detalhes na minha memória. Eu poderia ficar muito tempo ali, só olhando para aquela cena… Mas tinha mais a ser visto por ali: uma das poucas cópias que sobreviveram dos cartazes da primeira tentativa de Proclamação de Independência da Irlanda, com um texto apaixonante e a harpa mais antiga já encontrada na Irlanda. Além de todas as gravuras de Louis XIV e Versailles, que quase me trazem lágrimas aos olhos, por ver o que eu eu tanto amei na França retratado assim, em um livro feito muuuuuuito antes do meu tempo.

Olha, essa foi uma das melhores experiências da minha vida. Como eu me senti bem ali. Me senti em casa, com tudo o que eu gosto me rodeando. E eu posso dizer que essa foi a primeira grande surpresa que Dublin me proporcionou, sem pressa, em um belo dia após a aula de inglês. Ah, Dublin…

P.S.: Me desculpem pela demora em postar. Eu pretendo fazer isso todos os dias mas, enquanto não tenho uma rotina muito definida, fica difícil. Mas, em muito breve, chegarei lá. A boa notícia é que fechamos o apartamento (o primeiro que visitamos, da Yujin). O outro que comentei era bom também, mas não deu certo, a pessoa desistiu de sair. Mudança programada para terça-feira que vem =)

P.S.: Momentos de desespero e angústias nesses últimos dias, quando estava difícil resolver a questão do apartamento e com tudo o que eu ouvi sobre como é difícil arrumar emprego por aqui. Mas sabe de uma coisa? Eu vou ver tudo cor de rosa, mesmo assim. Obrigada, Mamis da minha vida, pelo livro cor de rosa e por essas constatações =)

P.S.: As fotos internas deste post não são minhas, pois é proibido tirar fotos lá dentro. Obrigada, Google Images.

Lovely day for a Guinness

Hi, folks!

Como eu comentei no último post, ontem foi o dia de visitar a Guinness Storehouse, exposição na fábrica da tão amada cerveja irlandesa. Esse foi o primeiro passeio completamente planejado e sabe de uma coisa? Foi SENSACIONAL *___________*

A magia começa nos arredores da fábrica, que é gigantesca. Ela não tem aquele porte moderno, ultra-high-power tecnológico que vemos nas fábricas e empresas por aí. Não, o muro é todo de tijolinhos, com plantas crescendo perto dos canos e tals. Você se sente voltando no tempo! E, ao chegar pertinho da entrada, você começa a sentir um cheiro muito bom, da fermentação da cerveja. Promissor não?

Muro de frente para o Liffey

Já perto da entrada da exposição

Mas, ao dar o primeiro passo para dentro, aquela impressão do passado, dos tijolinhos, das plantas nos canos some completamente. E você se sente no futuro, com todos aqueles painéis, escadas rolantes, luzes, equipamentos. Para onde olhar primeiro? Droga, como eu queria ter mais olhos e mais GB de memória no meu cérebro.

O prédio da exposição fica dentro da planta da enorme St. James’s Gate Brewery, fábrica adquirida por Arthur Guinness em 1759. Ele foi construído com a forma de um gigante pint que, se cheio, conteria mais de 14 milhões de pints (*____*). É a coisa mais incrível do mundo olhar do térreo para cima. Você realmente se sente dentro de um pint!

o/

Um pouco de história

Tudo começa quando Arthur Guinness (nascido em 1725, em uma família com tradição na arte da cerveja) ganha uma herança de seu padrinho, o Arcebispo Price. Com esse dinheiro, ele assina um contrato de aluguel de 9.000 anos pela St. James’s Gate Brewery, uma fábrica de cerveja falida em Dublin. Dá para acreditar na fé que ele já tinha na capacidade dele?

Contrato de 9.000 anos assinado por Arthur Guinness

No começo, ele produzia ale e stout (antes chamada de porter). Mas a stout fez tanto sucesso logo de cara, que ele deixou de produzir a ale. E, em apenas 10 anos, ele já estava exportando barris e mais barris da sua cerveja para a Inglaterra. Gênio, não?

Tem uma história engraçada por lá, que diz que o prefeito da cidade ameaçou interromper o fornecimento de água para a fábrica da Guinness, porque eles estavam consumindo mais do que era permitido. E o querido Arthur disse que, se fosse preciso, ele defenderia a fábrica com a força e pegou uma picareta para enfrentar os invasores. Felizmente, nenhum confronto foi necessário e eles fizeram um acordo, aumentando a cota de água.

Ele é o quinto ingrediente =)

Arthur morre em 1803, mas seu filho Arthur II assume os negócios e o sucesso da cerveja continua. Em 1815, eles começam a exportar para Lisboa. Em 1840, para Nova York. Em 1858, sob o comando de Sir Benjamin Lee (filho de Arthur II), eles exportam para a Nova Zelândia. Em 1870, 10% da cerveja já é vendida em outros países. Agora, sob o comando de Edward Cecil (filho de Sir Benjamin), a fábrica dobra de tamanho. Ele também foi famoso por todas as obras de caridade que fez com o dinheiro da empresa. Rupert Guinness sucede o pai e agora mais de 2 milhões de pints de Guinness são vendidos por dia. Surge o primeiro slogan da Guinness (Guinness is good for you). Anos depois, fábricas começam a ser inauguradas em vários lugares do mundo. E, hoje, 10 milhões de pints são consumidos por dia, em mais de 150 países. Mais sucesso, impossível.

Os ingredientes

Eles não fazem segredo sobre os ingredientes, pelo contrário, deixam tudo BEM exposto (e bota bem exposto nisso!). São espaços interativos e conceituais, que mostram os ingredientes ao vivo e a cores, com aroma, textura, explicações. E os ingredientes são: barley (trigo), hops (lúpulo), water (vinda das montanhas de Wicklow) e yeast (fermento, que diz a lenda que descende desde a primeira leva que o próprio Arthur fez).

Barley

Hops

Water

Yeast que o próprio Guinness fez

As etapas

A exposição continua e, à medida que você vai conhecendo as etapas da produção, vai subindo escadas e avançando para o topo do grande pint. As etapas são milling (moer o trigo), mashing (mexer o trigo moído com água quente), filtering (filtrar a mistura, tirando os grãos que não serão mais necessários), boiling (acrescentar o lúpulo e trigo tostado – que dá a cor escura à Guinness e ferver tudo), fermentation (o fermento mágico do Arthur entra em ação, convertendo o açúcar em álcool em alguns dias), maturation (deixar toda a mistura descansar) e packaging (a cerveja é acondicionada em barris e o nitrogênio é adicionado para que, quando o pint for tirado, a cremosidade seja garantida por suas bolhas).

Painéis demonstram o que acontece dentro dos equipamentos

Indeed =)

De Dublin para o mundo

Em outro andar, podemos conferir uma exposição dos navios que foram construídos para exportar a Guinness, todos os com os nomes das mães e esposas dos descendentes de Arthur. Romântico =)

Podemos também ver um vídeo muito interessante sobre como os barris de madeira eram fabricados, na raça e na mão do artesão. É hipnotizante, todo mundo para e olha!

My Godness, my Guinness

Depois, temos uma exposição dedicada a toda a publicidade da Guinness, desde os rótulos das garrafas aos anúncios, slogans, comerciais. Para os publicitários de plantão, é um prato cheio!

Ilustras eram usadas nos primeiros anúncios

Gravity Bar

Por último, você pode degustar um pint de Guinness na faixa no Gravity Bar, o último andar do pint gigante, com paredes de vidro que permitem que você tenha uma vista de 360 graus de Dublin. De tirar o fôlego.

Cheers!

E eu entendi porque o bar se chama assim, após o meu pint e meio (porque a Aline dividiu o dela comigo e com o Miguel). Sabe, a cerveja vai fazendo efeito e, se você sentar bem perto do vidro, vai se sentir flutuando, como se não houvesse gravidade. Foi como disse o Miguel, quando comentei com ele essa sensação que estava sentindo: “Haha, como os astronautas!”. Inesquecível!

Por último, passamos na lojinha e compramos alguns souvenirs para lembrar para sempre da incrível experiência que tivemos. Porque essa não é uma mera exposição, é uma experiência que eles proporcionam ao consumidor. Isso é Marketing 3.0 e eles estão de parabéns pela inovação, tecnologia, site, folhetos e pelos produtos incríveis que possuem com a marca Guinness. Poxa, como eu queria trabalhar lá =(

O blusão é meu. Quem adivinha para quem é a bolinha de Rugby? s2

A volta para casa foi divertida e tranquila, mesmo após quase 3 horas de andanças. É como dizia um dos antigos anúncios deles: “Guinness for Strengh” =)

Thank you, Arthur!

P.S.: O passeio custou 10.60 euros, mas tivemos desconto graças a nossa querida carteirinha de estudante do Trinity College. Olha só, ela custou 15 euros, mas já economizei 4 ontem na Guinness Store. Logo menos, ela estará paga, só com os descontos =)

P.S.: Hoje, domingão, foi dia de enviar curriculuns, organizar o quarto, as contas e postar no blog. Acreditam que não botamos o nariz para fora? o.O

Desbravando Dublin – Norte do Liffey

Dublin, como a maioria das cidades européias, é cortada por um rio – o Liffey. Ele nasce em uma montanha no condado de Wicklow e percorre cerca de 125 Km pelos condados de Wicklow, Kildare e Dublin, antes de desaguar no mar da Irlanda.

Rio Liffey, visto da O'Connell Bridge

Sendo assim, uma forma eficiente de conhecer a cidade (e que eu pretendo usar) é se basear pela divisão que o rio proporciona. Então, vou sempre usar essa divisão para me referir à localidade que desbravei.

E comecemos pelo Norte do Liffey =)

O marco inicial dessa região é a O’Connell Street, a mais famosa avenida de Dublin. Ela foi concebida para ser uma área residencial, no projeto do aristocata irlandês Luke Gardiner, que a idealizou em meados do século 18. Mas com a construção da Carlisle Bridge, hoje O’Connell Bridge, o plano foi por água a baixo, já que isso transformou a avenida na principal ligação norte-sul da cidade, trazendo movimento, comércio e bagunça.

O' Connell Brigde

Ela foi palco de grandes acontecimentos políticos também. Foi aqui que aconteceram as batalhas do Levante da Páscoa, em 1916, o primeiro movimento concreto dos irlandeses pela independência. Muitos de seus edifícios foram destruídos nestas batalhas.

Hoje, ela (juntamente com os seus arredores) é um grande centro de compras e entretenimento, com lojas, restaurantes, cinemas e teatros. É incrível andar por seu largo calçadão, cheio de árvores peladas, prédios fascinantes, lojas sedutoras e pessoas correndo pra lá e pra cá. Passamos por ela todos os dias, já que a nossa escola fica por ali =)

Foto com grafismos naturais =P

Com relação a monumentos, a O’Connell Street tem vários interessantes. Começando pelo monumento a Daniel O’Connell, que dá o nome à avenida, um grande político e herói nacional responsável pela defesa e conquista da emancipação dos católicos, que sofriam oprimidos e sem direitos civis no país. A estátua possui o O’Connell no topo, cercado por quatro figuras ao seu redor, representando o patriotismo, coragem, eloqüência e fidelidade.

Monumento a Daniel O'Connell

Logo após (e muito antes, depois e dos lados), podemos ver o Spire, uma grande agulha de aço com 120 metros de altura. Seu nome oficial é o Monumento da Luz e foi concebido no plano de revitalização da O’Connell Street, que aconteceu no final dos anos 90. Ele é considerado a maior escultura do mundo e muda de cor durante o dia, de acordo com a intensidade do sol. Por enquanto, só a vimos com bastante sol. Mas parece que, ao anoitecer, ele vai ficando meio rosado e, à noite, fica completamente iluminado =)

The Spire of Dublin

Sabe, eu sou meio contra esse tipo de instalações modernas em cidades tipicamente clássicas e antigas. Mas tenho que admitir que o Spire me conquistou. É absolutamente incrível chegar bem pertinho dele e olhar para cima. Parece que ele não termina nunca! Você tem a impressão de que ele é infinito!

Ao infinito e além =)

Em uma das suas ruas adjacentes, a Henry Street (que eu adoro, pois tem inúmeras lojas e restaurantes fofos), temos uma estátua do James Joyce, um dos grandes escritores irlandeses, autor de Dublinenses e Ulisses. É muito simpática a estátua, dá vontade de abraçar!

Nos arredores da O’Connell Street, temos inúmeros edifícios históricos. Ainda não vimos todos, começamos por aqueles que são gratuitos. O primeiro que vimos foi o Rotunda Hospital, a primeira maternidade criada na Europa para este fim. O prédio é lindo e diz-se que a capela possui vitrais maravilhosos. Não conseguimos entrar neste dia, mas eu ainda verei esses vitrais, ah verei. Atualizo vocês =)

Rotunda Hospital

Em frente ao Rotunda Hospital, temos o Conway’s Pub, que alega ser o mais antigo de Dublin (já pesquisei e vi que não é, não senhor). Mas o interessante é que os pais geralmente ficavam neste pub para esperar suas mulheres terem os bebês. Dá para acreditar?

Mentira!

A última parada do dia foi a St. Mary’s Pro-Cathedral, uma das poucas igrejas católicas que os protestantes se dignaram a construir no século 17. O projeto é do arquiteto Sir William Robinson e um fato interessante é que o Arthur Guinness (sim, ele mesmo, o criador da amada cerveja) se casou ali em 1761.

Fachada simples, se comparada a outras catedrais por aí...

Ela é pequena e bem modesta por fora (sabe como é, os católicos não eram populares naquela época), mas o seu interior é surpreendente. Acima do altar, podemos encontrar um relevo em gesso que representa A Ascensão de Cristo. Como toda igreja católica europeia, o ambiente é austero e silencioso. Mas eu curto, parece que você está voltando no tempo =)

A Ascensão de Cristo

Voltando para casa, sempre passamos por um outro ponto interessante, a Ha’Penny Bridge. Ela foi construída por John Windsor, um serralheiro da Inglaterra, em 1816. Antes dela, as pessoas tinham que fazer esse trajeto via balsa, que era cobrado. E, sendo assim, a travessia por ela também passou a ser cobrada (até 1919), no valor de half penny (meio centavo) – ha’penny – que deu origem ao nome dela. Ela é super romântica e você pode observar o Liffey e o por do sol de lá, com uma vista inesquecível!

Venta MUITO aqui!

Ufa. Acho que fique mais cansada de escrever tudo isso, do que de bater as pernas por todos esses lugares >.<

Mas ainda não terminou, temos muito a ver no Norte do Liffey. E ainda tem o sul, o leste, o oeste…. Hey Dublin, aqui vamos nós =D

P.S.: Amanhã, visita programada à fábrica da Guinness *_______________*

A odisséia da procura por apartamentos

Hi, everyone!

Mais uma vez, perdi o timing do post, mas a vida anda corrida por aqui com essa busca por apartamentos. É muito difícil encontrar duas vagas disponíveis no mesmo quarto, somando o fato de que queremos ficar em Dublin 1 (a cidade é dividida por números) – que é onde fica a nossa escola e o centrão da cidade, não queremos morar com brasileiros e não queremos pagar muito. Almost impossible. Almost =)

Primeiro visitamos um studio, para ver se seria uma boa opção só para nós duas. Mais privacidade, sim. Menos prática no idioma, sim. O landlord foi simpático, mas o studio era minúsculo, velho e em uma rua estranha. Perda de tempo.

Depois, encontramos uma vaga para agora e outra para daqui um mês em um LINDO flat, com inúmeros pontos positivos: meninas de outra nacionalidades, pé direito alto, portinha vermelha, todo equipado, papel de parede com passarinhos. E poucos pontos negativos: é meio caro, pelo pequeno espaço e uma de nós teria que dormir no sofá até a outra cama ficar livre. Mas, como sabíamos que estava difícil, fechamos e demos 20 euros de sinal. A responsável pelo apê, Yujin (sul-coreana) só ficou de confirmar com as flatmates (francesa e alemã) se tudo bem e nos ligaria. Saímos felizes e contentes.

Acontece que agora há pouco, por uma feliz ou infeliz coincidência, ao procurar no site as fotos do apê da Yujin para mostrar aos meus pais, encontro um flat na mesma rua, maior e mais barato, com um quarto do jeito que queremos disponível para já. Sheet. E agora? Liguei para ver o que rolava. E rolou, a Christy (não entendi a nacionalidade dela) me disse que poderíamos visitar. E vamos amanhã >.<

Ó duvida cruel! Será que acabaremos sendo malvadas com a Yujin, que foi tão legal com a gente? É mancada ir lá buscar os 20 euros e dizer que não queremos mais? Ou deixamos os 20 euros lá e nunca mais aparecemos? Opinem, estou meio desesperada com a dúvida =(

Amanhã eu conto o desfecho da história!

P.S.: Finalmente, fizemos algumas coisas de turismo \o/
Para não misturar as bolas, conto tudo em outro post.

See you!

Vagabundeando por aí

Olá!

Desculpem pela ausência no post de ontem. Cheguei exausta de tanto vagabundear por essa cidade, cheia de coisas interessantes, tentadoras e curiosas. Enquanto não tenho casa própria, não tenho emprego, não tenho visto, me resta vagabundear.

Ainda não dá para fazer turismo, porque eu não quero fazer assim. Eu quero fazer com calma, quando eu puder pesquisar tudo sobre o local e curtir lentamente, como se não houvesse apartamento para procurar e visto para tirar. Faz sentido? Eu não sei, mas a verdade é que ainda não vimos (olhamos, mas sem realmente ver) nenhum ponto turístico.

Então, não tenho muitas impressões formadas sobre Dublin ainda. Tudo ainda é muito superficial e genérico na minha cabeça. Mas o importante é saber que estou gostando muito. Sabe, apesar de possuir coisas lindas e históricas, eu talvez (porque é uma impressão ainda muito recente) poderia dizer que Dublin é despretensiosa. Ela não pretende ser megalomaníaca e deslumbrante como é Paris, ah não. Ela só quer ser ela mesma, com seus pontos fortes e pontos fracos, mas feliz consigo mesma. E, sendo assim, ela me deixa muito mais à vontade, mais tranquila. Eu não preciso correr e me esgotar, não preciso provar que sou digna de conhecer o seu melhor. Ela me mostra naturalmente.

Divagações à parte, na escola está tudo bem. O Ciaran é um cara legal e tem utilizado metodologias do IELTS e Cambridge nas aulas. Deixa tudo meio difícil mas, para quem quer um certificado de proficiência como eu, é excelente. O pessoal da sala é legal, tento sentar cada dia em um lugar diferente, para falar com todos.
Depois da escola, a tarefa é vagabundear por aí, tentando eliminar algumas das nossas tarefas burocráticas. Compramos um número de celular da Vodafone, a operadora mais barata por aqui (um só para dividirmos por enquanto #ConsumoConscienteFeelings).

Fizemos a carteirinha de estudante do Trinity College, a maior, melhor e mais bonita universidade de Dublin (até o Oscar Wilde estudou lá, vê se pode?). Ela dá desconto em ônibus, cinema, teatro, Mc Donald’s e Cafés. Para ter uma é simples: pegue o formulário na escola, vá até o Trinity College, pague 15 euros, tire a foto e tudo pronto, em menos de 5 minutos. Fomos com o Adel (achamos que é assim >.<), um libanês da sala da Aline. Ele é uma graça e eu curto o sotaque dele =)

E, como ninguém é de ferro, entre uma vagadundeada e outra, fazemos comprinhas (moderadas – a crise de empregos para estrangeiros ainda reina por aqui). Hoje comprei a primeira grande e feliz aquisição: a minha tão sonhada câmera fotográfica, uma Nikon semi-profissional. Foi uma pechinha: com o cartão de memória de 8 GB, saiu por 173 euros \o/

Abaixo, algumas fotos que tirei com ela, nas nossas andanças por aí.

Casinhas com portinhas coloridinhas

Rua típica em Dublin

Prédios românticos =)

Minha primeira grande foto, com a minha primeira grande câmera *____*

Dedicada ao meu querido namorado, que sempre realiza os meus sonhos, desde me ajudar a escolher a minha Nikon a me comprar pérolas s2

É, o St. Patrick's Day está chegando ^^

E retomamos a nossa vida de estudantes, estudando à noite, já que temos prova amanhã. Não vale como nota, mas vale para saber se você algum dia na vida será inteligente o bastante para conseguir uma boa pontuação no IELTS.

P.S.: É muito estranho sonhar com a sua família e namorado e, ao acordar, ter um minuto de confusão, sem saber onde está. Weird.

P.S.: O final de semana está chegando! Aí sim, vamos finalmente conhecer um pouco de Dublin, já está combinado =)

That’s all, folks!
See you =)

Primeira aula, primeiro documento, primeira compra na Penneys

Hello!

Como estão?

Estamos com saudades e com o nariz vermelho. É, o frio tá apertado por aqui, pelo menos para nós, que viemos de um Brasil com temperatura de 30 graus nos últimos dias.

Dia agitado por aqui.

De manhã, ficamos sem café da manhã. O Tony, nosso host-brother, por ser menino, não liga muito para essas cerimônias e não nos mostrou onde poderíamos pegar cereais e pão. Ficamos com vergonha de perguntar e ficamos com fome. Bom começo.

Mas ele foi legal, nos levou para a escola. Pegamos um ônibus e, nos 20 minutos seguintes, eu o bombardeei com perguntas meio invasivas: “Hey Tony, os irlandeses não gostam mesmo dos ingleses? E dos franceses? E você é católico? Mas você não gosta dos protestantes? Porque? E onde é o seu lugar favorito aqui em Dublin? Você pode me dar o endereço?”. Cara legal, respondeu tudinho. Gostei muito dele =)

Na escola, a recepcionista é russa e muito legal, a Karolina. Após o teste de classificação de nível, vou para a turma do Upper-Intermediate, meu mesmo nível no Brasil. Meu professor é legal, o Ciaran, irlandês mesmo. Muitos brasileiros, alguns russos, um colombiano e uma sul africana na minha sala. Muito bom, gostei.

E, depois do estudo, cuidemos das obrigações certo? Fomos tirar a nossa primeira documentação, o PPS number, para que o governo controle que você está trabalhando e pagando imposto. Sem ele, nada de visto. Foi tranquilo, bastou apresentar o passaporte, a carta da escola e retirar uma senha. A espera era longa e a fome era muita, então decidimos almoçar (hamburguer com batatas fritas). Sem criatividade, eu sei, mas era o que tinha por perto e não poderíamos perder a senha, sabe como é.

PPS encaminhado, vimos a incrível Penneys na esquina, como que uma recompensa pela longa espera! Para quem nunca ouviu falar, a Penneys é tipo uma Renner aqui da Irlanda. A diferença é que você não encontra uma blusa de 6 euros ou uma jaqueta de couro por 23 euros na Renner. NUNCA.


E compramos, pagando pouco. O jogo com quatro esmaltes saiu por 3 euros, o jogo com 3 cintos saiu por 0,50 euros (*__________________*) e a meia calça por 4 euros. Ai, ai, vou pagar excesso de bagagem na volta, ah vou.

De volta à casa esperamos as malas, que demoraram mas chegaram. Ficamos tão felizes que saímos para a rua, de meias. Ok, foi muita burrice, já que os meus pés estão gelados até agora. Mas não tínhamos chinelos, poxa!

E, para finalizar, o jantar do dia foi lasanha congelada, salada gelada e pudim gelado. Ei, host-mother, volta logo? =(

P.S.: Sabe, isso ainda parece um sonho. Não acredito que estou aqui, mesmo com os lábios ardendo. Não acredito.

P.S.: Vocês não tem ideia de como tem brasileiros sem noção por aqui. Na escola, encontramos meninas que não falavam NADA de inglês, não sabiam NADA sobre como tirar o visto e também estavam sem as malas. Resultado: a Karolina me colocou para ser intérprete, porque perdeu a paciência com elas. Será que eu posso cobrar por isso das próximas vezes? A Aline acha que sim =)

P.S.: Plenamente feliz agora, com as minhas calcinhas, shampoo e pijamas ^^

See you!