Olá!
Vos falo do quarto da minha host-family, banhada, aquecida, alimentada, após uma longa maratona de acontecimentos. Estou cansada, mas estou feliz. A cabeça está confusa, mas acho que foi mais ou menos assim…
– No dia da despedida, reinava na minha casa um silêncio que nunca existe por lá. Ninguém se falava, todo mundo com cara triste. Eu mal consegui almoçar, só comi porque era a minha refeição preparada pela Mamis em 2012 (arroz, feijão novinho, bife, vagem refogada e salada).
– No aeroporto, um monte de gente especial estava lá para me apoiar: minha família, família da Aline, Bá, Bru e João Victor, Ju, Lex, Jojo, Celina e Maria Thereza, Carlos Roberto. Foi assustador dizer para eles: “tchau, até o ano que vem”. Meus pés se arrastavam, eu tremia, eu chorava. O meu amor me dava a mão, a minha mãe me abraçava e chorava, as pessoas faziam promessas. Foi lindo. Foi triste.
– A imigração foi demorada, só tinha um funcionário trabalhando. E tinha muito brasileiro para passar por lá. É, tem brasileiro demais no mundo. O cara que me atendeu foi simpático. Perguntou se eu já visitado “the UK” antes. Eu disse que sim. Perguntou se eu tive algum problema. Eu disse que não. Perguntou quanto tempo eu ficarei com eles (achei simpático isso). Eu disse um ano. Ele disse ok e carimbou o passaporte. Simples assim =)
– Mas a alegria de brasileiro intercambista dura pouco. Chegando na esteira das malas, onde estão as malas? Não estão, ficaram em Madrid. Ah, e agora? Agora vocês deixam o endereço e entregamos amanhã. Ah, que coisa. Mas é sem falta né? Sim, isso acontece o tempo todo, estamos acostumados. Ah, tá. Mas o tempo todo em Dublin, no mundo ou com a companhia Ibéria (não, eu não perguntei essa última, achei indelicado).
– Sem malas, com fome, com sede, sem itens de higiene pessoal, fomos ao centro. Pegamos um ônibus no aeroporto (7 euros) e descemos na O’Conell Street, a principal avenida de Dublin. Fomos à farmácia (6.99 euros). Decidimos tomar uma para relaxar. Escolhemos o Madigans, o pub o primeiro à vista, porque estava frio pra burro. O pub era meio velho, meio cheirando a mofo, passando um jogo de rugby, como um pub deve ser (São Paulo, aprenda como se faz!). Primeiro brinde (eu de Guinness, ela de Heineken) a nós. Porque merecemos e não temos calcinhas, não temos shampoo e não temos pijamas.
– Pegamos um táxi, com um motorista velhilho, que ficava cantarolando no caminho. Não consegui tudo o que ele disse não, falava meio enrolado. Mas nos mostrou o centro, bonitinho. Chegamos em 15 minutos (20 euros).
– E chegamos na casa, no que parece ser um condomínio fechado, chamado Woodfarm Acres. Casas lindas, parecem coisa de filme. Sem portões. A nossa é de tijolinho marrons. Tocamos a campanhia. Espero uma senhorinha amigável. Me aparece um cara tatuado e cheio de piercings, o Tomy. Descubro que ele é filho da host-mother, o host-son, e que ela está fora e só volta na quarta. Cara, que situação mais estranha. Falar ao vivo e a cores, com um cara que não fala a minha língua. Tive que me virar. E me virei =D
– Ele é legal, nos mostra a casa, se mostra solidário com a nossa situação, nos empresta toalhas. Tomamos banho, organizamos as coisas. Vamos jantar. Tomy deixou pratos de macarrão a bolonhesa preparados pra gente. Gostoso, mas sem sal e, como eu não achei mais sal para colocar, comi assim mesmo. Do nada, aparece um outro cara, falando um inglês todo enrolado. É o Miguel, espanhol da Galícia, ficará aqui só até amanhã. Já jantou, obrigada. Vai fumar um cigarro no quintal. Lavamos a louça. O Miguel volta e pergunta do carnaval do Rio. Ah, que pergunta mais default. Mas ele é legal =)
Depois eu mostro as fotos da casa, explico melhor como é aqui. Minha cabeça está rodando ainda, preciso me acostumar, olhar direito, formar uma opinião e depois mostro tudo para vocês.
P.S.: Por favor, sejam adeptos de qual religião forem, orem/rezem para que as nossas malas cheguem amanhã. Precisamos de todo o apoio e pensamento positivo possível =)
Time to bed.
See you tomorrow!