Homenagem aos heróis da independência

Oi!

Lembra que eu disse que esse final de semana seria aquele de fazer tudo o que eu não consegui fazer no anterior? Pois bem, eu fiz =)

Kilmainham Gaol – Uma das prisões mais famosas do mundo

Quem já viu o filme “Em nome do Pai” ou a série “The Tudors” deve se lembrar dessa prisão. Ela é uma das maiores prisões desocupadas da Europa e é chamada de “Irish Bastille” – uma referência à famosa prisão francesa.

Cenário utilizado no filme "Em nome do Pai"

 

Cenário utilizado na série "The Tudors"

Ela foi construída em 1796, para tentar mudar a situação carcerária da Irlanda. Antes dela, homens, mulheres e crianças ficavam presos juntos, em celas apertadas e sem condições de sobrevivência. Isso só resultava em mais violência. Porém, um dirigente visionário trouxe a proposta inovadora de alocar uma pessoa por cela, alegado que o silêncio e a observação constante, poderiam trazer reflexão e arrependimento para os detentos.

Celas da parte mais antiga da prisão

Seria uma ótima ideia se o país não estivesse passando por um período difícil – a grande fome, onde pessoas roubavam pão e roupas para sobreviver. E a questão é que, mais que a vida na prisão fosse difícil (cada prisioneiro tinha um cobertor fino, uma bíblia e uma vela para sobreviver à escuridão e frio, além de apenas mingau, sopa, pão e leite para comer), era melhor do que a vida lá fora (fome, frio, doenças), então muitos começaram a cometer crimes de propósito. A conclusão foi que a prisão, em pouco tempo, ficou lotada e as pessoas tiveram que ser alocadas em celas conjuntas novamente.

Um outro fato curioso que descobri é que existia um método de sentença chamado de “Transportation”. Dependendo do crime, o detento era condenado a ser deportado para a Austrália, com apenas o bilhete de ida e sem condições financeiras para conseguir o bilhete de volta.

Mas porque a prisão é tão famosa? Bom, lembra do Levante de Páscoa que eu já comentei? Em que os Irish Volunteers – grupo de rebeldes que acreditavam na Independência – tomaram prédios públicos e, na escadaria do General Post Office, tentaram declarar a independência à força? E que aguentaram 7 dias de confronto entre os soldados britânicos até se renderem? Pois bem. Os 14 líderes do movimento foram presos, espancados e trazidos para a prisão, onde foram fuzilados no pátio.

Local onde eles foram fuzilados

 

A guia conta diversas histórias tristes sobre isso. Um deles, James Conolly, estava tão machucado que não conseguia ficar em pé e teve que ser amarrado à uma cadeira antes de ser fuzilado. Um outro, Joseph Plunkett, pediu como último desejo que pudesse se casar com sua noiva na capela da prisão, antes de sua morte. Pedido concedido, mas eles só tiveram 10 minutos para se despedirem, antes que ele fosse levado.

Carta de Joseph Planckett pedindo Grace em casamento

Um outro fato curioso é que Éamon de Valera – um dos líderes do movimento de 1916 e que não pode ser morto porque era naturalizado cidadão americano – foi o último prisioneiro a deixar a prisão antes de seu fechamento. Anos depois, foi o primeiro homem a entrar na prisão na época de sua restauração – agora como presidente da República da Irlanda.

Ela foi desativada como prisão em 1924 e como foi o lugar onde os heróis da independência foram assassinados (portanto um local de tristes recordações), não havia nenhum interesse por parte do novo governo de restaurá-la. Sua demolição foi considerada por diversas vezes. Somente nos anos 50 é que um movimento pela preservação da cadeia começou a ter força. E, no fim das contas, foi decidido que a cadeia seria restaurada e aberta como museu.

O passeio vale muito a pena. Confesso que fiquei meio em dúvida se deveria ir ou não, por ser um ambiente tão triste e carregado de lembranças ruins, já que essa história do Levante de 1916 sempre me impressionou. Mas é incrível! Ouvir aquelas histórias que só quem é de lá pode contar (aliás, a guia parecia mesmo uma carcereira, porque gritava e parecia muito durona #medo), visitar o local onde esses homens foram fuzilados e ver suas cartas de despedidas, me impressionou muito mais. Mas adorei =)

P.S.: Apesar do filme “Em nome do Pai” ter sido filmado por lá, não foi a prisão onde o Gerry Conlon e seu pai ficaram presos. Fiquei decepcionada ao descobrir isso, quando perguntei para a guia:“Mas e o Gerry Conlon? Se a prisão foi fechada em 1924, como que ele ficou aqui?”. “Não foi aqui, ele ficou preso na Inglaterra. Eles só filmaram aqui por era uma das únicas prisões vazias”. Sad. Mas só de saber que o Daniel Day Lewis passou por ali, onde eu estava passando, já fico feliz ^^

The Irish Museum of Modern Art – Fechado mesmo

Quando um museu está fechado para reforma, qual é a primeira providência a ser tomada? Sim, claro. Informar no site esse pequeno detalhe. Mas eles não avisaram e lá fui eu novamente. Acho que é um sinal, sabe? Arte moderna não é para mim mesmo.

Pelo menos pudemos apreciar o jardim (da outra vez que fomos) – ao estilo de Versailles e o pátio interno (desta vez).

Entrada do Museu

Jardim à la estilo Versailles

Pátio lindo, foto linda (Lana, thanks for that ^^)

O’Reilleys Pub – Onde você nunca é bem vindo

Lembra que comentei que um dos nossos amigos foi barrado neste pub na semana passada? Bem, desta vez ele nem tentou ir. E, pela ausência dele ou não, conseguimos entrar. Tudo estava bem até eu ser atacada por uma crise fulminante de cólica e ser obrigada a tomar um remédio.

Bem, quem tem cólica sabe como dói e sabe como o remédio demora para fazer efeito. Então fechei os olhos e fiquei quietinha, para ver se passava. Se deu certo? Não, um maldito segurança veio e perguntou se eu estava dormindo porque, se estivesse, era melhor eu ir embora. Fiquei sem reação. A Aline e o Matheus tentaram argumentar, mas não teve jeito. E como ainda tinha meia jarra de cerveja na mesa, não podíamos ir embora naquela hora. Tive que ficar lá, com dor e com os olhos abertos, porque o imbecil ficava me vigiando.

Então, já sabe né? Se vier a Dublin, nunca vá a esse pub. Você corre o risco de respirar do jeito errado e ser expulso. ¬¬

Garden of Rememberance – O meu calcanhar de aquiles

Há tempos eu tento visitar um jardim que tem aqui perto de casa, o Garden of Rememberance. Mas SEMPRE que eu tentei estava fechado, não sei porque. Enfim, hoje finalmente consegui visitá-lo, mas adivinha o que aconteceu? A bateria da minha máquina acabou rapidamente.

Problemas à parte, o jardim é um lugar especial e tem tudo a ver com o post de hoje, pois ele está exatamente localizado onde os Irish Volunteers foram criados e onde, três anos mais tarde, os líderes do Levante de 1916 foram mantidos por uma noite antes de serem levados para a prisão. Por isso, o jardim é dedicado aos 14 heróis da independência.

Criado por Daithí Hanly, foi aberto ao público pelo terceiro presidente da Irlanda, Eamon De Valera, em 1966, marcando o aniversário de 50 anos do levante de 1916.

No centro do Garden Of Remembrance, há um espelho d’água na forma de um crucifixo. E tem diversos banquinhos e canteiros de flores por lá, impecavelmente bem cuidados. Além disso, ainda há uma escultura de bronze que foi acrescentada em 1971 e é baseada em uma antiga lenda irlandesa chamada as “Children of Lir”.

A lenda conta que Bobd Dearg foi eleito o rei da raça humana e Lir, o rei do mar, ficou muito aborrecido. Para fazer as pazes, Bobd deu uma de suas filhas para se casar com Lir, e juntos eles tiveram quatro filhos: Fionnuala, Aodh, Fiachra e Conn. Eles eram muito felizes, mas a mãe morreu e para manter Lir feliz, Bobd deu outra filha para se casar com ele, Aoife.

Ela logo se tornou uma pessoa amarga , com ciúmes do amor entre pai e filhos. Organizou, então, um passeio em que as crianças deveriam ser assassinadas, mas ela não teve coragem para fazê-lo. Então usou seus poderes mágicos e os transformou em cisnes, que tinham de passar 300 anos em Lough Derravaragh, 300 anos no Sea of Moyle e 300 anos em Irrus Domnann e só poderiam quebrar o feitiço se fossem abençoados por um monge. Quando Lir descobriu tal traição, transformou Aoife em um demônio do ar por toda eternidade.

Depois de 900 anos vividos nesses três lagos, eles escutaram um chamado e voltaram para casa. Lá havia um monge que os abençoou e os transformou em humanos novamente, mas agora com 900 anos, não poderiam sobreviver. Ao falecer, puderam finalmente descansar em paz ao lado dos pais.

Um lugar muito legal, que eu pretendo voltar para ler um livro, qualquer hora ^^

KFC – Realizando um sonho

Sabe aquelas coisas bestas que você tem vontade de fazer? Então, eu sempre tive muita vontade de comer um balde de frango frito, daqueles que vemos nos filmes americanos. E não é que achei um KFC por aqui, com uma oferta irresistível, em uma hora em que estávamos com muita fome. Pirei *________*

Dublin e sua capacidade de realizar os meus sonhos ^^

Até mais!

Coisas que você só faz em um intercâmbio

Hello!

Sabe como é a vida de intercambista, né? Anda 10 km por dia para economizar o dinheiro da condução, compra molho de macarrão da marca mais barata que tiver e corta a própria franja para não ter que gastar com cabeleireiro.

Sim, pois é. Me aventurei com a tesoura (escolar, com uns 5 anos de uso, meio cega) ontem. Comecei cortando a franja na altura da boca e terminei acima do nariz. Como cheguei nessa enorme diferença? Juro que não sei. Se eu entrei em pânico? Demais.

Mas conseguir consertar e, tirando alguns milímetros de diferença entre um lado outro e alguns fios perdidos e maiores, ficou até bom =)

Acompanhem o antes e o depois:

 

P.S.: Semana tranquila na escola e tudo tranquilo com os bebês. Cada vez mais eu gosto deles e cada vez mais eles gostam de mim. Tipo, eu já consigo trocar as fraldas – mesmo as de cocô – sem que eles se acabem de tanto chorar. E o Allie vive me dando tapinhas no rosto, o que eu encaro como um sinal de carinho ^^

P.S.: Nesse final de semana eu vou fazer tudo o que tentei fazer no último e não deu certo, porque eu não consigo descansar a cabeça no travesseiro enquanto não resolver isso. Obrigada.

P.S.: Hoje, na ida e na volta do trabalho, fui presenteada com duas visões espetaculares.

Na ida, pela primeira vez na vida, eu vi um grupo de pássaros voando em formação, como quando eles fazem para migrar. E tinha MUITOS pássaros, todos coordenados, formando um grande V e uma fila no final, e com um foco de se invejar. Lindos =)

Na volta, enquanto ouvia a minha música diária (Hey Jude – Sweet, don’t you know that’s just you?), de repente olhei para o céu e vi uma nuvem em degradê – do cinza (70% black) para o branco (1% black + 2% cyan), em um céu completamente azul (60% cyan). Já sabem né? Coisas de Talita.

See you!

Resumo do final de semana

Olá!
Como estão?

Por aqui, o tempo não anda dos melhores. O vento gelado voltou com tudo e tem dias que chove, tem dias que faz sol, tem dias que chove e faz sol. Bem vinda à Irlanda, Talita, é o que as pessoas costumam me dizer =)

O feriadão da Páscoa foi tranquilo, mais do que eu gostaria na verdade, porque não viajamos e não fizemos meio que nada, culpa do tempo ruim e da minha falta de planejamento =(


Sábado, dia mundial das coisas que não dão certo

Missão: Visitar a prisão Kilmainham Gaol e o Irish Museum of Modern Art.
Status: Fail.
Motivo: A prisão estava LOTADA e não conseguimos entrar. Afinal, era aniversário do Levante da Páscoa de 1916 (que eu já comentei diversas vezes por aqui) e todos queriam ver o local onde os 14 líderes do movimento foram fuzilados. Falha minha em não pensar nessa possibilidade. Bom, ainda teríamos o Museu, se ele não estivesse fechado. Obrigada, responsáveis, por manter essa informação no site.


Sábado à noite, noite mundial para ir de bar em bar

Parada 1: Casa dos guris de Floripa, com pão de queijo e vinho.

Parada 2: Tentativa frustrada de entrar no bar Reilley’s. O segurança invocou com a cara de um dos guris e fomos barrados.

Parada 3: Pub Sin É – pequeno e aconchegante, com um DJ que toca a música que você quiser se você pegar no cofrinho dele.

Parada 4: The Mezz – o melhor lugar para ouvir música boa. Desta vez, uma banda com nerds que arrasavam nos instrumentos. Resultado: Stones, Beatles, The Doors, Led Zeppelin, Black Sabbath, Chuck Berry e por aí vai. Com direito a pints de graça esquecidos na mesa ^^

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Domingo, dia mundial das coisas fechadas

Missão do dia: comprar um tênis que proteja os meus pés dos 10 Km diários de caminhada.
Status: Fail.
Motivo: Lojas e shoppings fechados.

Mas nem tudo estava perdido, porque eu fiz uma coisa superespecial neste final de semana: assistir a uma ópera européia, na Europa. Um grande sonho dentro do meu grande sonho.

E de onde você tirou dinheiro para isso? Não tirei! Acontece que o The National Concert Hall vende ingressos por 5 euros para estudantes, uma hora antes de cada espetáculo. Ah, obrigada por mais essa, Dublin!

A ópera em questão é “La Traviata” de Giuseppe Verdi, que estreou no Teatro La Fenice em Veneza, em 6 de março de 1853, adaptada do livro “A dama das Camélias” de Alexandre Dumas que, por sua vez, se inspirou em uma cortesã que foi sua amante e morreu de tuberculose.

E conta a história de Violetta (cortesã) e Alfredo (jovem de boa família) que se apaixonam. O pai de Alfredo é contra o relacionamento e pede a Violetta que o abandone, para não manchar a reputação e o futuro de sua família. Ela cede e convence Alfredo que não o ama mais. Ele , enlouquecido de ciúmes, ganha dinheiro no jogo, que usa para pagar Violetta, humilhando-a. Depois de um longo tempo, com Violetta doente de tuberculose, o pai de Alfredo lhe envia uma carta, dizendo que se arrenpendeu e que levará Alfredo até ela, para que eles se reconciliem. Mas é tarde demais, Violetta está a beira da morte. Ela entrega uma foto sua para Alfredo e diz para que ele entregue à próxima mulher que o amar, dizendo que estará protegendo o amor deles no céu. Dá um último suspiro e morre.

Foi incrível, do começo ao fim. Do maravilho teatro, ao lustre gigantesco no teto, aos senhores e senhoras bem vestidos tomando conhaque e vinho antes do início, aos músicos da orquestra que se levantavam e faziam reverência para o Maestro, que por sua vez coordenava tudo com precisão, aos atores que cantavam em italiano, com aquelas vozes poderosas, arrepiando até o último fio de cabelo de quem assistia, aos figurinos sensacionais, à equipe que fazia a troca do cenário tão rapidamente, à história romântica e trágica, do jeito que eu gosto ^^


Segunda-feira, dia mundial da preguiça

Eu até queria fazer alguma coisa hoje, mas e o medo de dar com a cara na porta novamente? Some-se a isso o fato de que fui dormir às 4h da manhã na noite anterior, falando com o meu querido, e tenha uma ideia do jeito que eu acordei na segunda. O que sobrou foi arrumar a casa, lavar roupa, organizar as coisas e estudar inglês.

Mas consegui comprar o tênis (Nike, por 35 euros), um óculos (Oscar de La Renta, por 19 euros) e as temporadas completas de The Big Bang Theory (25 euros) nas liquidações que se vêm por aqui. Como eu adoro a Europa ^^


Terça-feira, dia mundial de voltar à realidade

Hoje, rotina normal. Escola (speaking, listening, writing). Almoço em casa (arroz, omelete com presunto e molho pesto e salada). Trabalho (Allie estava choroso, os outros dois felizes e sorridentes). Casa (fazer janta, atualizar o blog, fazer o homework). E só!

Estou feliz por ter uma rotina. É como diz a minha Mamis: “A gente precisa de rotina para viver”. Saudade da sua sabedoria, Mamis ^^

P.S.: Hoje, não sei porque, senti que consegui falar muito melhor, na escola e no trabalho. Gente, será que é aquela linha divisória entre o avançado e o fluente chegando? *___*

See you!

Balanço do primeiro mês

Hello!

Vocês tem ideia de que um mês já se foi? Eu não. Não consigo acreditar, não pode ser possível. Tudo foi tão rápido, tão intenso, tão diferente, que parece que foi ontem que eu cheguei aqui.

Assim, eu preciso recapitular, preciso descrever e organizar tudo o que aconteceu, para que eu consiga ver que é de verdade. Dedico esse post então a isso, ao balanço do primeiro mês de intercâmbio, um dos meses mais loucos da minha vida!

1. A separação

Lembro de ficar pensando durante o voo em como isso tudo parecia inconsistente. Eu estava indo para o desconhecido, para uma incerteza. Parecia que o avião não cruzava o Oceano Atlântico, mas sim estava saindo do meu mundo e me levando para uma outra dimensão. E eu ainda sentia a dor da separação daqueles que amo – tão recente – latejando. Foi muito difícil entrar na porta que me levaria para esse outro mundo, deixando todo o meu mundo para trás.

2. A agilidade

Logo fui obrigada a deixar tudo isso para trás, pois tive que sobreviver e mostrar para o que vim. E passei na imigração, com funcionários mal educados. E briguei com a companhia aérea que deixou minhas malas em outro país. E descobri como chegar no lar provisório. E descobri qual ônibus pegar para ir à escola. E fui à órgãos do governo para tirar a documentação. E, fazendo tudo isso, eu ainda estava boba, perdida, sem saber onde estava quando acordava.

3. O idioma

Estar aqui não é como estar na aula de inglês que, quando eu não estava a fim de falar, podia ficar enrolando até o professor chegar perto e só então engatar uma conversa qualquer. Aqui ou vai, ou não vai. E foi, logo de cara, melhor do que eu esperava. Peguei o nível máximo na escola, conseguia me comunicar com as pessoas na rua e pedir informações. E ele vai indo, cada dia melhor, se tornando mais fácil e natural.

4. Lar, doce lar

De longe, a parte mais difícil até agora, com a primeira crise de desespero profundo. Mas deu certo. Depois de duas semanas na casa da host-family, mais host do que family, encontramos o nosso lar, tão doce como eu esperava que fosse. E as flatmates se mostraram as melhores possíveis, mesmo com peixes que cheiram mal e louças mal lavadas. Como é bom sentar no sofá e bater um papo sobre como é a vida, o desemprego e o custo do supermercado na França, na Coréia do Sul, no Brasil e na Alemanha. Estou feliz aqui, me sentindo em casa.

5. O batente

E antes do que eu esperava, antes da média nas estatísticas de intercâmbio, eu consigo um emprego. Juro que não sei direito como, só coloquei o anúncio certo, no site certo, na hora certa e a pessoa certa gostou. É difícil, tem que ter muita paciência e nenhum nojo para trocar as fraldas. Mas eu vim em busca de coisas diferentes e hoje passo as minhas tardes cantando e dançando “the wheels on the bus”. Tem job melhor que esse?

6. As primeiras descobertas

E com todas essas coisas práticas, fica muito difícil se concentrar no ambiente à sua volta. Porque eu não sou simples assim, que só olha, tira a foto e pronto, conheceu o lugar. Ah, não. Eu tenho que analisar, tenho que ficar parada olhando, tenho que sentir, tenho que me emocionar. Eu sou assim e gosto de ser assim, por mais complicado que seja.

Mas agora, com as coisas vitais encaminhadas, dinheirinho entrando na conta toda semana, GNIB na carteira, um lar para onde voltar e feijão cozido na geladeira, eu começo a ter uma noção de onde estou.

E onde estou? Em uma cidade absurdamente cheia de história e lendas sobre vikings, celtas e reis. Em uma cidade cheia de gente de tudo que é lugar no mundo. Em uma cidade com coisas bonitas em todos os cantos, desde prédios monumentais com salões ornamentados aos canteiros de flores na praça em frente ao meu apartamento. Em uma cidade com vida, que não dorme, mesmo que os pubs fechem às duas da manhã.

E, aos poucos, vou descobrindo os seus encantos, mesmo fora do circuito turístico. Como ontem, quando estava andando por uma rua quieta, com casas sombrias e escuras, com brinquedos abandonados no jardim, sem ninguém por perto. De repente, me senti em outro mundo, algo meio mal assombrado, misterioso. E meu coração até acelerou com a sensação. Eu sou assim, gosto dessas coisas. Coisas de Talita.

7. Os próximos planos

E agora vou pensando no futuro, no que fazer depois que terminar o curso. Esse é um outro lado do meu intercâmbio, que eu quero muito que aconteça, para completar tudo. Porque eu ouso dizer, talvez meio cedo demais, mas com profunda convicção, de que os primeiros objetivos eu já alcancei.

P.S.: Feriadão à vista! Aqui na Irlanda, o feriado de Páscoa é na segunda. Então eu vou trabalhar hoje. Ainda não sei qual será o roteiro do final de semana, mas PRECISO fazer muitas coisas legais, pois já estou cansada de ficar em casa, por mais que eu goste daqui =)

P.S.: Carmenio, Rosemary, Bruna, João Victor e Victoria – Rossi de Lima de Carvalho. Ontem eu chorei vendo fotos de vocês. E a saudade me apertou de um jeito que ainda não tinha me apertado. Mas fico muito feliz ao pensar que o dia em que nos reencontraremos vai chegar, mesmo que demore. Amo vocês, meus tesouros.

P.S.: Estou indo e voltando a pé do trabalho, para economizar o dinheiro da condução. No total, vou andar 10 Km por dia (2 km para ir e voltar da escola + 8 km para ir e voltar do trabalho). Vou emagrecer e ficar com as pernas durinhas (meu namorado agradece). E com o dinheiro economizado, vou comprar coisas para mim, pois eu mereço após caminhar tudo isso (meu guarda-roupa agradece).

See you!

Contratempos e tempestades

Olá!

Hoje foi um dia com tempo estranho em Dublin. No começo da manhã, frio e garoa. No final da manhã, sol. No começo da tarde, frio. No final da tarde, ventania e chuva de granizo. Conclusão? Dor nas costas, dor nos ouvidos e um guarda-chuva completamente destruído pelo vento, em plena caminhada de volta para casa, em que eu mesma quase saio voando.

Some-se a isso o fato de que estou a dois dias carregando bebês por 4 horas seguidas e tenha uma ideia do estado da minha coluna. Vou terminar esse post, jantar o strogonoff que está no fogo e dormir, rezando para que passe.

O trabalho é legal, não pensem que não estou gostando! É tranquilo e rápido, só trabalho quatro horas por dia. Eu chego às 15h e vou direto para a sala, brincar com os três bebês (Arturo, Alberto e Alexsandro). Fico por lá umas duas horas, cantando, dançando, fazendo barulho e qualquer outro artifício para que eles não chorem.

Depois disso, a Mamis deles (Margaret) vai buscar o outro filhinho na escola (Antônio). Enquanto isso, eu dou o jantar deles. Isso é um capítulo à parte: imagine os três sentados em cadeirões diferentes, de babador, e eu na frente deles, com uma tigela com a sopinha. E vai uma colherada para cada. Turo é sempre o mais bonzinho. Allie o que mais abre a boca. E Berto o que chora quando afasto a colher dele.

Alimentados e com o reforço da Mamis, os levamos para a sala e assistimos Pappa Pig, um desenho que os deixa completamente hipnotizados. Enquanto isso, pegamos um por um e trocamos a fralda e colocamos os pijamas para dormir. É necessário fazer muita força nessa hora, para segurá-los com uma mão e fazer o resto com a outra. Ainda não peguei o jeito da coisa. Eles são grandes e não gostam de ser trocados! =(

Trocados, alimentados e assistindo Pappa Pig, damos as mamadeiras. Allie consegue segurar sozinho a sua, uma graça. Nos revezamos entre Berto e Turo. Terminadas as mamadeiras e com um pouquinho de balanço e uma música, eles dormem. Subimos os três para o quarto às 19h e pronto, acabou o meu expediente.

No geral, é perfeito mas surgem alguns contratempos. No primeiro dia, fui passear de carrinho com o Turo. E ele começou a chorar no meio do passeio. Possível solução? Tirá-lo do carrinho e dar um colinho. Se deu certo? Não, eu não consegui abrir a trava e tive que levá-lo aos berros de volta para casa, chorando de desespero e medo de ser demitida no primeiro dia.

Hoje tudo parecia tranquilo, mas Allie estava com dor de ouvido. E, na hora do jantar, puxou o coro do choro coletivo. Em segundos, eu tinha três bebês chorando alto e tentando comer e tentando cuspir a comida. E isso só parou quando chegou a hora de dormir.

Eles são crianças incríveis, risonhos, brincalhões, lindos e loiros do olho azul. Quando fecho os meus olhos, vejo os três pentelhinhos. Estou encantada com eles! Acho que esses contratempos são coisas de bebês mesmo. Só espero que eu tenha força no braço, paciência, controle e resistência nas costas para resolvê-los.

Torçam por mim! =)

See you!

Dun Laoghaire: primeiro contato com o mar

Olá!

Quem aqui assistiu o filme “P.S. I love you” deve se lembrar da clássica cena em que os dois se conhecem. No meio da conversa, ela diz que foi para Dun Laoghaire, em um sotaque americano muito engraçado. E ele corrige, dizendo que o correto é algo como “Dan Liri”.

Pois bem, Dun Laoghaire foi o destino escolhido para começar as andanças para fora de Dublin. Não necessariamente por causa do filme. Só me pareceu uma opção atraente para uma sexta-feira sem aula. E, sabe de uma coisa? Foi uma decisão super acertada =)

Para chegar lá, pegamos o DART (o trem irlandês, lindo, rápido, confortável, barato), pagamos 4,70 euros (ida e volta) e chegamos em 20 minutos (11 estações de Dublin). Fomos com as nossas amigas da escola e com as amigas das nossas amigas da escola. No total, 7 brasileiras, 1 russa e 1 italiana =)

A cidade é localizada na costa leste da Irlanda, a 11 km de Dublin, e é o maior porto para barcos e passageiros da Irlanda. Dun, palavra gaélica, quer dizer forte, fortaleza. Laoghaire era o nome de um dos reis supremos da Irlanda, antes da chegada dos Vikings. Então, a tradução é algo como “Fortaleza de Laoghaire”.

Quando os ingleses aqui chegaram, no século 11, renomearam a cidade para Dunlary, uma adaptação para a língua inglesa. Em 1821, a cidade foi renomeada para Kingstown, em homenagem a visita do Rei George IV à Irlanda. E assim permaneceu até 1921, quando o conselho da cidade votou a favor de voltar ao nome irlandês original.

A principal atração da cidade é um enorme píer, em que ficam atracados inúmeros barcões, barcos e barquinhos. O formato do píer é muito curioso, quando visto do alto. Na encosta dele, temos pedras cheias de limo, areia e o Mar da Irlanda. Olha, se fizesse um solzinho e água não fosse tão gelada, daria até para pegar uma praia =P

A minha primeira constatação foi “Droga, deveria ter trazido mais blusas”. Porque em Dublin venta mas, em Dun Laoghaire, venta pra burro! A primeira parada foi o píer, em que caminhamos por mais de uma hora, parando para fotografar aquelas paisagens surreais a cada minuto, sentindo o vento gelado e o cheiro de mar, ouvindo o barulho das ondas contra as pedras.


Mais tarde, com as mãos inchadas de tanto frio, fomos para o centro da cidade. Uma graça, lojinhas e casinhas mais charmosas que as de Dublin, igrejinha, feirinha de comidas e flores, bem coisa de interior mesmo. Como tinha um shopping ali perto e como o grupo era composto por mulheres, decidimos dar só uma olhadinha (ah, vá?). Acabamos almoçando por lá (wrap de frango com chips, por 3,50 euros).

Alimentadas e mais animadas com o sol que aparecia timidamente por lá, fomos para o People’s Park, o parque da cidade. Todo florido, com árvores russas (de acordo com a russa do grupo, Lana), com tulipas (*___*), com crianças jogando futebol e pulando corda, com velhinhas conversando. Encantador =)

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Apesar de todas as andanças, ainda tínhamos energia, então decidimos ir andando até Dalkey, uma cidade vizinha, que já foi chamada de “A Cidade dos Sete Castelos”, por causa dos castelos medievais que lá foram construídos, dos quais só restam dois atualmente. Infelizmente, chegamos tarde para a visita ao interior do castelo, mas valeu para conhecer.

Agora sim, mal aguentando o próprio peso do corpo, pegamos o DART e viemos para casa. Esgotadas, geladas, com os pés inchados, mas felizes! Missão cumprida, dia feliz e proveitoso, uma cidade a mais na bagagem ^^

P.S.: O final de semana entediante. Sábado, em casa. Sábado à noite, festa estranha com gente esquisita com duas constatações: 1) Franceses são muito loucos! 2) Brasileiros são muito folgados! Domingo, em casa, arrumando o quarto, fazendo o mercado, cozinhando feijão.

P.S.: Obrigada por mais um mês aqui, ao meu lado, mesmo longe. Esses três meses foram os mais mágicos e surreais de todos. Afinal, desde que você chegou na minha vida, mágica é o que não falta. E que venham mais 3, 9, 17, 27, 39, 45, 57, 167, 278, 389, 467, 568 meses. Afinal, a gente tem amor que dá e sobra para todos eles =)

P.S.: Amanhã, primeiro dia de emprego! Uau, fazem mais de 53 dias que eu não sei o que é pegar no batente. Será que eu ainda dou conta? Torçam por mim =)

Até mais!

Recapitulando

Hello!

Aqui estou eu, ouvindo Muse (*___*), jantada (arroz, feijão, purê de batata e “molhinho” de vagem – como é dito lá em casa #MineirosFellings) e tentando entender o que eu fiz com os meus últimos dias, já que não consegui postar nada desde domingo. Bom, vamos recapitular então…

Segunda-feira: a melhor notícia do mundo

Chegou a hora de revelar todo o mistério dos últimos posts: sim, eu fui chamada para uma entrevista de emprego. Desde que pensei nesse intercâmbio, minha ideia era trabalhar como babá ou, como eles chamam por aqui, Au Pair. E como eu consegui? Fiz um anúncio em sites de classificados de emprego, bem diferente dos estão por lá. Poxa, eu sou publicitária e, se eu não conseguisse me diferenciar dos meus concorrentes, então não serviria para nada! E como foi a entrevista? Adorei o casal e as crianças (trigêmeos de 10 meses e mais um de 2 anos), o horário é exatamente o que eu preciso, o salário não é incrível, mas paga as contas. E o que aconteceu depois? Minha patroa me ligou e disse que ficaria “delighted” se eu aceitasse trabalhar para eles. Melhor, impossível =)

Terça-feira: a primeira cabulada a gente nunca esquece

O dia não estava para escola, então resolvemos aproveitar para passear por aí. A primeira parada foi o Bank of Ireland, um edifício majestoso localizdo no centro. Ele foi projetado para ser o parlamento irlandês, em 1739. A curiosidade é que esse foi o primeiro prédio a ser construído para este fim, em toda a Europa. Porém, alegria de irlandês sob domínio inglês dura pouco e o parlamento foi dissolvido em 1800 e os assuntos do país voltaram a ser decididos por Westminster, em Londres. Então o Bank of Ireland, um dos maiores do país, comprou o prédio para criar sua mais bonita agência. Quem não queria ter uma conta lá, hein?

Entrada principal

Mas eles preservaram a House of Lords, que é aberta para visitação ao público. A sala é magnífica. Poxa, porque esses caras tinham mania de fazer coisas tão estupendas assim? Meu coração não aguenta! Um guia sempre fica por lá e ele ficou surpreso quando eu comecei a fazer perguntas sobre o funcionamento do parlamento. E mais surpreso ainda quando descobriu que eu sou brasileira: “Não vejo muitos brasileiros por aqui, sabe?”. Sei =)

Lustre de cristal *___*

Depois, decidi passear pela Grafton Street, uma das mais populares ruas de compras em Dublin, com lojas de grife, cafés, restaurantes e o lindo shopping Stephen Green no final. A loja mais famosa de lá é a Brown Thomas e seus artigos de luxo, que estudantes-falidos-como-eu não podem nem olhar.

Intrerior do Stephen's Green

O que eu mais gosto na Grafton Street é o barulho. Ao caminhar por ela, você ouve pessoas conversando em diversos idiomas diferentes e ouve música em toda a sua extensão, com os artistas de rua que dão a graça por lá. Muito legal =)

Outra atração da Grafton é a estátua da Molly Malone. Ela foi inspirada em uma canção, que é considerado como o hino não-oficial da cidade, e que conta a história de uma bela mulher que vendia peixes nas ruas de Dublin, mas que morreu jovem de uma forte febre. Não existe prova de que a tal Molly Malone realmente existiu, mas o governo encontrou uma que poderia ser ela e que morreu em 13 de junho de 1699, então proclamou esse dia como “Molly Malone Day” e construiu uma estátua em homenagem a ela. Legal, eu curto essa historia. Olha só como é bonitinha a música =)


Depois disso, ainda fomos para a National Library, prédio lindo que abriga um acervo com as primeiras edições dos livros dos principais escritores do país, além de uma cópia de quase todo livro já publicado na Irlanda. O mais impressionante do prédio é a Sala de Leitura, que tem mesinhas gastas e luminárias verdes, como era antigamente. É uma sala circular, enorme, silenciosa, com livros velhos, novos, curiosos. A biblioteca não realiza empréstimos, você pode apenas consultar os livros por lá.


Quarta-feira: legalizado as coisas

Finalmente conseguimos o nosso tão sonhado GNIB (Garda National Immigration Bureau)! Eu ainda não comentei aqui, mas o processo é meio chatinho e demorou exatos 23 dias para ser concluído.

Primeiro, você tira o PPS – como um CPF da Irlanda. E chega o comprovante na sua casa, após 10 dias. Depois, com o PPS, você abre a conta no banco. E chega a senha na sua casa, após 3 dias e o cartão após 5 dias. Depois, você deposita os 3.000 euros e pede o statement. E ele chega na sua casa, após 3 dias. Depois, com o PPS, o statement e o passaporte, você vai até a Garda, solicita o GNIB, paga 150 euros e sai de lá com a carteirinha, dizendo quando você legalmente pode viver, estudar e trabalhar por aqui. Amazing =)

Estava um dia bonito, então resolvemos andar e descobrir mais algumas coisas. E logo vimos a Custom House, um enorme prédio que sempre abrigou órgãos do governo.

Depois, The Famine Statues, um monumento em homenagem a todos os irlandeses que morreram no período conhecido como a “Grande Fome”, caracterizado pela perda consecutiva de 3 safras de batata, por causa de uma praga, o que causou a morte de um milhão de pessoas morreu e a imigração de mais dois milhões, principalmente para os Estados Unidos.


E por fim, conhecemos a Samuel Beckett Bridge, uma ponte estaiada, construída em homenagem ao escritor irlandês Samuel Beckett, ganhador do Nobel de literatura. Por lá, descobrimos uma Dublin diferente da que estamos acostumadas: prédios modernos, de vidro, pessoas engravatadas. Como uma cidade pode mudar tanto, em poucos metros? Engraçado =)


Quinta-feira: último dia de vagabundagem

E hoje, nada de mais, pois resolvi aproveitar o meu último dia de vagabundagem, já que começo a trabalhar na próxima semana. Fizemos almoço, limpamos a cozinha, dormi à tarde e aqui estou, atualizando o blog =)

Amanhã, grandes acontecimentos à vista! Primeira visita para fora de Dublin programada (com 11 km de distância) e aniversário de namoro com o meu querido, em que faremos uma comemoração diferente (com mais de 9 mil km de distância).

See you!

Vem chegando o verão

Olá!

Chegou o verão e, com ele, dias de sol, quentinho, amarelo, feliz, como há 20 dias eu não via. Quando se mora em um cidade cinzenta e o sol resolve aparecer, qual é a primeira coisa que você pensa? Sim, isso mesmo, dia de piquenique no parque! E eu acho que metade de Dublin pensou a mesma coisa, de tão lotado que estava =P

Sorte que não fomos em um parque qualquer, mas sim no Phoenix Park, o maior parque urbano da Europa, com mais de 700 hectares (algo em torno de 7 milhões de metros quadrados *____*).

Ele foi fundado em 1662, por James Butler, Vice-rei da Irlanda e Duque de Ormond, como vontade do rei Charles II. Cerca de 30% da área do parque é composta por árvores, além de ser um santuário para muitos mamíferos e pássaros. O parque conta com jardins, lagos, playgrounds, área para picnics e um zoológico, que tem uma incrível criação de leões! Além disso, a residência oficial do Presidente da Irlanda fica no centro do parque, desde 1750. Há algumas visitas guiadas esporádicas realizadas por lá e é óbvio que eu vou tentar ir \o/


Mas o nosso passeio não foi para conhecer o parque até porque é preciso muita disposição para percorrer todos esses metros… Voltaremos lá outro dia para fazer isso, desbravando tudo com bicicletas! Desta vez, fomos com os guris de Floripa, nossos amigos da escola e a ideia era deitar na grama, ouvir um som, comer besteira. E teve Budweiser (6 latas por 9 euros), pão, queijo cheddar, Nutella e The Beatles.

Dedicatória especial

Parque, grama, piquenique, Budweiser, The Beatles. Era demais para o meu pobre coração, que atingiu o ápice da saudade de você, meu querido, meu amor, meu bonito. Enquanto estava lá, eu só lembrava de você, só falava de você, só pensava em você. E, ao mesmo tempo que te sentia tão longe e sentia o coração apertando de saudade, com todas essas coisas que são tão suas e nossas, te sentia tão perto – aqui, dentro de mim. E lembrar de você, falar de você, pensar em você me trazia uma sensação boa. E assim, eu adormeci na grama, sonhando com o dia em que nos reencontraremos, para nunca mais nos separarmos.


Aí está o vídeo que eu falei. Não resisti, tive que gravar. Dá um pouco de dor de cabeça, porque eu acho que a cerveja já estava fazendo efeito e comecei a girar a câmera, não sei porque. Mas, tentando criar uma justificativa para isso agora, pode ser a representação de como eu me sinto longe de você e ouvindo o seu hino pessoal: de ponta cabeça, torta, tonta, sem sentido.

Te amo.

P.S.: Eu tenho uma novidade SENSACIONAL para contar. Mas isso virá em um outro post. Só adianto que eu sou a pessoa mais sortuda do universo das pessoas que fazem intercâmbio. E estou muito feliz, radiante =)

A primeira sexta-feira morando no centro

Olá!

A primeira sexta-feira morando no centro a gente nunca esquece. E como foi perfeita! É tão bom poder fazer tudo a pé e chegar rápido nos lugares. Para quem sempre morou longe das coisas legais da cidade e sempre teve que encarar uns bons 50 minutos para chegar até elas, estou no paraíso *____*

Ontem fomos visitar dois pontos turísticos localizados no Sudoeste de Dublin, em uma área conhecida como Old City, por ser uma das primeiras partes da cidade a ser construída.

Christ Church Cathedral: uma sobrevivente

Ela é uma das maiores catedrais de Dublin, que foi fundada pelo rei viking Sitric Silkbeard em 1030. Além do fato de ter quase mil anos de idade, a Christ Church é uma sobrevivente pois resistiu a diversas idas e vindas da história e, talvez à pior delas, a reforma protestante de Henrique VIII (ele sempre aparece por aqui, não é?). Conta-se que os fiéis imploraram ao rei que não destruísse a catedral e ele concedeu o pedido porém, mandando destruir todas os santos, que não foram repostos até hoje. Ela foi restaurada e modificada umas 10 vezes e pouco se vê da estrutura original.

Por fora, a catedral é incrível. O prédio é gigantesco, com várias torres, cruzes, janelas românticas, portas antigas. Por dentro então, nem se fala. Como sempre, eu espero chegar em uma posição boa para dar aquela primeira olhada. E uau, que incrível! A nave é gigante, com mais de 25 metros de altura, com todos aqueles detalhes, os arcos, os lustres, os vitrais, o altar. Até os bancos são diferentes aqui!

Ela tem diversas capelas espalhadas nas suas laterais. Uma das mais legais é a de St. Laurence O’Toole (arcebispo de Dublin que foi canonizado), famosa pelo piso de cerâmica original da época medieval e a caixa que contém o seu coração. O piso estava lá, lindo e original. Mas o coração não. Acreditam que ele foi roubado? Na nossa primeira semana aqui em Dublin, algum ladrão roubou o coração – que não tem valor monetário nenhum, mas é um símbolo de fé para muitas pessoas. Triste =(

Como se não bastasse tudo isso, a catedral ainda tem uma cripta sensacional, a maior da Irlanda e Inglaterra, com mais de 63 metros de comprimento. Lá dentro, podemos ver túmulos e monumentos a homens importantes para a catedral, além de tesouros como ouro, prata e bíblias presenteadas por reis da Inglaterra. Uma das coisas mais curiosas é a múmia de um gato e um rato, que ficaram presos em um tubo do órgão e acabaram mumificados.

E, mesmo eu já estando completamente satisfeita, o que descubro na cripta? 1) Um restaurante lindo, fofo, romântico, a luz de velas, com música antiga! Não comemos por lá porque o dinheiro anda limitado, mas eu ainda volto lá, ah volto! 2) Uma exposição com alguns figurinos usados pelo elenco de The Tudors (olha o Henrique VIII aí novamente) – roupas lindas, cheias de bordados, perfeitas. *____*

E eu ainda vou voltar lá, para assistir a uma missa com apresentação do coral e órgão. Imagina como deve ser lindo? =)

Dublinia: descobrindo as origens

Ao lado da Christ Church, no prédio de uma antiga igreja, fica localizada a Dublinia, museu-vila que retrata a chegada dos Vikings aqui nesta terra, como viviam e pelo que foram responsáveis. A exposição normal dura cerca de 55 minutos para ser feita, pelo que diz o guia. Mas nós levamos o dobro do tempo, de tão legal que é =)

No primeiro andar, descobrimos quem eram os Vikings (povos oriundos da região que hoje conhecemos como Dinamarca e Noruega), como viajavam (em barcos extremamente simples de madeira), porque viajavam (para buscarem melhores condições de moradia e alimentação no inverno brabo), no que acreditavam (vida após a morte), como eram suas casas (de madeira), do que se alimentavam (aves, peixes e pão) e por aí vaí.

Descobrimos também a história da fundação de Dublin que, para quem não sabe, só existe hoje graças aos queridos Vikings! Eles chegaram por aqui em 841 e encontraram uma terra boa, perto de um lago escuro – Dubh Linn, que deu origem ao nome da cidade. Fundaram a comunidade, constituíram comércio, fundaram igrejas. Eles foram derrotados duas vezes nos anos de 1014 (por Brian Ború – rei irlandês) e 1170 (Strongbow – cavalheiro anglo-normando) e acabaram se integrando à comunidade irlandesa local.

No segundo andar, temos uma verdadeira demonstração de suas condições de vida. Vemos como a peste negra causou a morte de milhares. Vemos como eles era julgados e punidos. Vemos como era o interior de seus barcos. Vemos uma representação de suas feiras de comércio. Vemos o interior de suas casas (e banheiros!). Tudo isso com atividades interativas, onde você pode se vestir como um deles, pode escrever o seu nome com a língua deles, pode ser condenado como eles. Adorei =)

No último andar, uma verdadeira aula de arqueologia, com uma exposição sobre como tudo isso foi descoberto, na escavação da Wood Quay (uma rua à beira do Liffey), onde foi localizado um assentamento Viking. Descobrimos como os arqueólogos trabalham, quais ferramentas usam, como conseguem dizer a idade dos artefatos encontrados.

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A melhor noitada da minha vida

Depois disso tudo, estávamos esgotadas. Para vocês terem uma ideia, eu deitava no sofá em casa e via vikings, vitrais, estátuas na minha cabeça. Muita informação! Mas, a noite ainda era uma criança e decidimos aproveitar a nossa recém-adquirida liberdade de condução.

Tudo começou no mercado, onde compramos 6 latões de Heineken por 10 euros. Porque a gente simplesmente não compra mais bebida em pubs! Depois, tivemos a prova de que Deus protege os bêbados. O pobre quase, mais quase mesmo foi atropelado por um ônibus, bem na nossa frente. E ficamos preocupadas com ele “Ai Aline, vamos chamar a Garda, ele vai ser atropelado!”. Por fim, vimos que um senhor foi ajudá-lo e resolvemos seguir o nosso caminho.

Pub 1

Aqui em Dublin, não se paga para entrar nos pubs (mesmo que tenha bandas) – aprende São Paulo! Então, começamos a noite em um que estava rolando um world music, como nos disse o segurança mal humorado, quando perguntamos o estilo do som. O cara mandava bem.

Mas queríamos beber, então saímos do bar e fomos para uma pracinha ali perto tomar as cervejas. Quando estamos lá, surge o bêbado 2 da noite. Fiquei com medo, mas ele só queria conversar. Olhava para a Aline e dizia “She is Irish”. Apontava para mim e perguntava “Where are you from? You are not Irish!”. Eu disse a palavra mágica, Brazil. “Oh, I like Brazil and the soccer player Pele (algo como péli). He is a very clean soccer player, you know? He is not one of those dirty soccer players, he is clean.” Hilário!

Pub 2

Acabou o show no primeiro pub, mas ainda não estávamos satisfeitas, afinal onde está o rock ‘n roll desta cidade? Descobrimos que está no The Mezz, o mesmo da semana passada. Uma PUTA banda boa, tocando músicas que eu desacreditei. Rolou Johnny Cash, The Doors, The Beatles, The Clash e, o mais surpreendente, Paint in Black dos Stones. Dá para acreditar?

Depois disso, finalmente saciadas, fomos para a casa e chegamos em 15 minutos \o/.

After party

Aqui, como os bares fecham relativamente cedo, é muito comum fazer o After Party, uma festa que todo mundo vai para continuar a beber. No meu caso, não foi diferente e eu tive a melhor After Party de todas: mais de 4 horas no Skype com o meu querido namorado. Tem coisa melhor que isso? S2

P.S.: Hoje o dia foi de cozinhar, arrumar as coisas, recuperar o sono perdido.

Até mais!

O quarteirão da elegância

Hello!
Como estão?

Por aqui, tudo indo bem! Estamos nos adaptando maravilhosamente bem na casa nova, cozinhando, lavando roupa, estudando, conhecendo lugares, quase tirando o visto. Tudo bem graças a Deus, às orações dos meus avós e ao pensamento positivo e força de vocês =)

Hoje, depois de alguns dias sem conhecer nada da cidade, visitamos dois lugares muito legais, em uma região que já foi a mais nobre de Dublin, residência da alta sociedade, políticos e escritores. Com vocês, a região da Merrion Square!

Fitzwilliam House: uma viagem no tempo

O século 18 foi a Era da Elegância, quando os ricos da Irlanda, não querendo parecer os parentes pobres da Inglaterra, fizeram de Dublin uma das cidades mais elegantes da Europa. Todos os ricos construíram suas casas na mesma região, o que fez (e faz) com que ela seja extremamente charmosa.

O padrão das casas era sempre o mesmo, os chamados terraços georgianos. Na década de 60, dezesseis dessas lindas casas foram demolidas para que a empresa de eletricidade de Dublin construísse a sua sede. A indignação pública foi tamanha que, para tentar remendar o estrago, a empresa restaurou uma das casas e criou um museu, o famoso número 29 da Fitzwilliam Street Lower. Ainda bem que eles fizeram isso =)

O museu é a portinha preta =)

A casa é maravilhosa. Por fora, aquela famosa portinha colorida, com uma detalhada clarabóia e aldrava de metal. No andar inferior (abaixo do nível da rua), fica a recepção do museu, loja e as primeiras partes da exposição, como cozinha, quarto da empregada, despensa de alimentos. No primeiro andar (nível da rua), temos a sala de jantar – que é o maior ambiente da casa – com os móveis, louças, lustres e tapetes. No segundo andar, temos a sala de visitas, com piano, mesa de jogos e livros – um ambiente destinado a diversão e recepção de convidados. No terceiro andar, temos o aposento do casal – cama, banheiro (sem chuveiro, claro), sala de vestir. No quarto andar, temos o quarto da governanta e o das crianças, com casinhas de bonecas do século 18 #Morri.

Anexo do quarto do casal

Sala de estar

 

Cozinha

Casinhas de bonecas *____________________*

Fatos curiosos

– Cada cômodo da casa tinha um puxador de tecido perto da parede, que era ligado a sinos na cozinha. Assim, quando a dona da casa queria falar com a empregada, acionava o sino e a ela sabia em que cômodo deveria ir.

– Quem já foi em museus antigos deve ter percebido como as camas são curtas. Descobri hoje que isso se deve ao fato de que as pessoas dormiam meio sentadas, pois tinham problemas de coluna!

– Os ratos podem escalar e fazer buracos nas paredes, mas não podem pular. Por esse motivo, as comidas mais preciosas (ovos, queijos, carnes, pão) eram armazenadas em uma tábua suspensa do teto, na despensa.

– As mulheres acreditavam que ficar muito tempo perto da lareira prejudicava a pele de seus rostos. Assim, elas tinham uma espécie de protetor contra o calor – meio que uma pá ao contrário, com desenhos e bordados – que ficava apoiado no chão, perto de onde elas estavam sentadas.

 

Merrion Square: onde é sempre primavera

De lá, fomos para a Merrion Square, uma das praças mais charmosas de Dublin. Naquela época as casas não tinham jardim mas, como estavam localizadas próximos de belíssimas praças, elas acabavam sendo utilizadas como jardins e, em certa época, passaram a ser privadas para os moradores da região.


A Merrion Square foi projetada em 1762 por John Ensor. Ela fica rodeada por inúmeras casas georgianas (hoje sendo utilizadas como sede de empresas e escolas, na sua maioria) e imponentes museus (Natural History, National Gallery).

Lá dentro, tudo é uma graça. Eu não sei se é sempre assim ou se é a primavera que enche os meus olhos, mas me senti em um bosque de conto de fadas lá dentro! Canteiros de flores, árvores cheia de flores cor-de-rosa (as minhas favoritas), mamães com crianças, casais apaixonados. Apaixonante =)

Cores, aromas, flores

 

A minha favorita *_____*

Tem coisa mais romântica do que essa flor?

E foi isso por hoje. O final de semana promete passeios memoráveis, vamos ver se dá certo.

P.S.: Tenho uma novidade, mas só vou contar se der certo. Sei lá, não quero criar muitas expectativas sobre isso.

P.S.: Como eu penso em algumas pessoas visitando todos esses lugares incríveis. Família, amigos, namorado. Vocês estão comigo o tempo todo s2

Até mais!