Feliz, o aniversário

Pois é, eu fiquei mais velha. E, sim, estou longe da minha família, namorado e amigos, que são aqueles que fazem o aniversário das pessoas ter significado. Mas não, eu não passei o dia sozinha, comendo sorvete no pote e me acabando de chorar.

Bem, chorar eu chorei, mas foi somente por bons motivos. Somente por perceber que mesmo longe, a minha família ainda está comigo. E somente por perceber que eu também tenho uma família aqui, que eu amo MUITO e que vou levar para a vida toda.

Mas vamos do começo.

O dia começou bem, com o bom-dia que dei para o Airt, o lembrando da data. Ele me deu um beijo tímido, mas veio bonzinho tomar café da manh, o que eu entendi como um sinal de respeito pelo meu aniversário. Depois disso, todas as vezes em que eu pedia “birthday kisses” ele me dava, todo cheio de amor e baba. Ah, e eu te dou todo o meu amor também, buddy. S2

Dei uma olhadinha básica no Facebook, para ver algumas mensagens de aniversário. Aí veio o primeiro choro do dia, ao ver as fotos que a Mamis havia postado, eu e ela, ela e eu. Juntas, sorridentes, felizes. Tão simples, tão natural. Oh, my baby. Our love is definitely true. Esse é o meu primeiro aniversário que passamos separadas, é difícil. Mas será o último, já prometi para ela =)

Vejo também a mensagem que o meu amor me mandou, comparando a data à aquela de um ano atrás, quando ainda estávamos começando a nos conhecer, sem saber onde pisar e o que esperar. Eu já sabia que ele era diferente, quem mais poderia me chamar pelo significado do meu nome em hebreu, sem eu nunca ter contado? Ele já via sua Menina em mim e eu já via todo o potencial dele para me fazer feliz. Apesar da distância e tristeza de hoje, temos que ficar felizes, ele disse, porque o difícil já aconteceu. Nos conhecemos, nos amamos, descobrimos que somos almas gêmeas. Agora é só esperar mais 70 dias e tudo vai se resolver.

Lágrimas enxugadas, era a hora de enrolar os brigadeiros e beijinhos que eu havia feito no dia anterior, para adiantar o processo (já que fazer isso na companhia de uma criança de dois anos não é fácil =P). Ops, mas descubro que a massa do brigadeiro virou pedra. E agora? Penso: “Ou você joga fora e mente pra todo mundo, dizendo que brigadeiro é ruim demais e que você resolveu não fazer ou você tenta consertar”. Optei pela segunda alternativa. Mas no processo, tive o meu segundo choro do dia, ao tentar desgrudar o negócio do prato com a faca, cortando o meu dedo. Meio feio, daqueles que fariam o meu irmão se sentir fraco, como ele diz. Mas não tenho tempo para isso, vamos em frente. Coloco tudo na panela, acrescento manteiga, leite e qualquer coisa para amolecer o tijolo de brigadeiro. Deu certo =)

Fiz tudo em quarenta minutos, o Airt como meu assistente “pouring coconut rain all over the balls”. Limpei a cozinha em quinte minutos, o Airt como meu assistente, perguntando “me eat that?” para as colheres, pratos, tigelas e tudo que estava sujo de chocolate.

Rotina normal depois disso. No caminho para a Mags, após deixar o Airt na creche, encontei com a Tamis no centro. Acontece que ela foi anteontem na Mags, para conhecer os bebês e ver a possibilidade de ficar com a minha vaga depois que eu sair. E a Mags, fofa como é, fez o convite para a festinha, que ela prontamente aceitou. E dela, ali em frente ao Spire, eu recebi o meu segundo beijo de aniversário, com um lindo bracelete irlandês (para lembrar da terra que nos uniu) e uma miniatura de uma cruz-alta irlandesa (para lembrar das nossas aventuras pelas terras celtas).

Fomos juntas para a Mags, onde sou recebida por beijos e abraços dos meus lindos, únicos, preciosos, amados trigêmeos em meio a bexigas e risadas. A Kitty está por lá também e me dá um abraço. Ficamos por ali bagunçando, até que a Mags chega com o Yoyô e ele vem, abre a porta segurando uma bexiga, com um sorriso tímido no rosto e diz “Happy Birthday, Tita!”. Ok, meus olhos ficaram embaçados aqui.

Logo a Mags diz que eles tem que pegar algo na cozinha e todos os bebês vão atrás. Vou também e logo me vem o Yoyô com um cartão, a Mags dizendo que ele colou os adesivos. Abro e está escrito “We love you” com o nome de todos, Mags, Bepi, Yoyô, Alie, Tutu e Berto. Aí eu não resisto, choro, choro. Choro por sentir o amor que tenho por todos eles explodir aqui dentro. Choro de alegria, por estar ali perto de pessoas(inhas) tão preciosas =)

A Mags me dá também um envelope, com um par de ingressos para um espetáculo de música irlandesa, não aqueles safados do Temple Bar, mas um “cool”, como ela disse. Muito legal, fiquei feliz =)

Depois disso, eu e a Tamis ficamos com os bebês na sala, enquanto a Mags e a Kitty faziam os preparativos da festa na cozinha. Horas depois, vem o Yoyô e diz a frase habitual das cinco da tarde “it’s dinner time”, fazendo os bebês saírem correndo para a cozinha. Quando entro lá, vejo uma mesa linda, cheia de comidinhas gostosas, como o omelete espanhol (fritada de batatas, ovos e cebola), ovos com salmão e maionese, filés de frango frito, azeitonas, pão de alho. Finger food, como eles chamam, perfeito para festinhas ^^

Comemos, ajudando os bebês entre uma garfada e outra. Em determinado momento, só o Allie estava na cadeirinha (sempre o bom moço, meu Al-the-ball). Os outros dois rascals estavam no meu colo e no da Kitty, comendo do nosso prato. Vê se pode? Logo chega a Mary Rose e o Airt, com um lindo kit de cosméticos e um cartão do “BÓÓÓÓB, the Biulder”. O Airt pouco liga para mim, os brinquedos do Fireman Sam do Yoyô são mais atrativos, eu acho.

Terminamos de comer e chega a hora do parabéns. Cantamos a música, a Tamis gravando tudo. E, como prometido há semanas atrás para os dois, deixo o Yoyô e o Airt soprarem as minhas velinhas. Meus B-Boys! Comemos bolo, comemos docinhos, damos bolo para os bebês, damos docinhos para os bebês (o Airt e o Yoyô não precisaram de incentivo, estavam atacando tudo por conta >.<). Nessa altura do campeonato, os bebês já estavam muito cansados e começavam a ficar irritados, chorando por tudo. Hora de iniciar os preparativos para dormir.

Trazemos todos para a sala, colocamos Fireman Sam na TV e eu troco a fralda e ponho o pijaminha de todos eles, com a ajuda da Tamis. Organizamos a bagunça dos brinquedos e partimos para a cozinha, que estava em estado de calamidade pública depois da festa. Com a ajuda dela, em dez minutos estava tudo resolvido.

Aliás, o que eu teria feito no dia de hoje sem ela, me diz? A Tamis é daquelas do tipo “pau para toda obra”, sabe? Tamis, vamos para Belfast daqui a três dias? Opa. Tamis, vem aqui em casa comer hot-dog? Opa Tamis, vamos fazer uma trip maluca pelo Reino Unido na virada do ano? Opa. Tamis, vamos lá brincar com as minhas 67574 crianças? Opa. Ela é assim. E estou muito feliz por a ter conhecido, por termos ficado amigas, por tê-la presente em momentos importantes desse ano (e do próximo ^^). Te levo para a vida toda, xubs!

Hora de ir para casa. Chego em casa, abro o computador e vejo que meu pai me marcou em um comentário de uma foto. Vou ver o que é e fico em estado de choque. Ele, simplesmente, fez uma montagem com fotos de tudo o que eu gosto: Los Hermanos, Muse, Nutella, cupcakes, berinjela, picanha, Big Ben, São Paulo, Amelie Poulain, tulipas e até vagens, e colocou como capa de seu perfil no Facebook. É, esse foi o quarto choro do dia, descontrolado, tive que tomar um banho para ver se eu me acalmava. Te amo, Papis! Você é minha inspiração, meu mestre. Tudo o que eu aprendi com você nessa vida não está escrito s2

E mais um milhão de mensagens de amigos e familiares, fotos com homenagens, desenhos, lembretes. Tem como se sentir sozinha com todas essas demonstrações de afeto? Fui dormir me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.

Homesick

E acontece que fiquei sem internet por 20 dias e, nesse meio tempo, só falei com a minha mãe, pai, irmã e namorado no Skype uma vez e e-mails reduzidos ao limite de caracteres que o meu celular permitia. Some-se a isso o fato de que estava de TPM e que o frio chegou com força aqui e tenha uma ideia do meu estado emocional dos últimos dias. Haja Beatles e chocolate para manter a calma e seguir em frente.

Os meus quatro pilares

Quando eu decidi fazer o intercâmbio, tinha medo de que tudo isso aqui – igrejas, castelos, euro, inglês, cultura, conhecimento, história – revirasse a minha cabeça e me mudasse, fazendo com que eu já não visse sentido em voltar para o meu país, para a minha família. Lembro de ter essa conversa com o meu amor, esperando um ônibus na estação Penha do metrô, e chorar desesperada.

Mas, quanto mais o tempo passa, eu percebo que nunca vai existir nada mais forte, indestrutível e seguro na minha vida do que os meus quatro pilares, chamados Carmenio José, Rosemary, Bruna Cristina e João Victor. Sem eles, não existe Talita. Como eu poderia ficar longe deles então? Um ano é o limite do limite para que eu consiga sobreviver distante. Mas eu preciso voltar, eu preciso me recarregar neles. Eu preciso deles para viver feliz. Simples assim.

E eu já ando me sentindo tão fraquinha, com tanta falta dos momentos em casa. Quando lembro, eles parecem tão surreais, um sonho distante. Foi tudo verdade mesmo? Eu morei naquela casa com eles, comendo macarrão na sexta-feira à noite com Bis de sobremesa? Ah, como eu queria poder voltar para isso tudo logo. Ouvir música com o meu pai, conversar com a minha mãe, dar risada com a minha irmã e o meu irmão. E eu tenho que ficar repetindo para mim mesma, eu tenho pai, eu tenho mãe, eu tenho irmã, eu tenho irmão. Eu não sou sozinha no mundo. Eles existem. Eles existem.

Ah… Falta muito para eu voltar?

Carlos Roberto Sponteado


E quem diria que ele se tornaria tão indispensável na minha vida. Aquele moço do bigode, que eu via de longe, sentada na minha mesa, no meio do expediente. Quem diria que aquele moço era a minha essência, o que eu sou, o que eu acredito, o que eu amo, em um corpo de homem? Quem diria que aquele moço era a minha alma gêmea, finalmente encontrada, tão procurada, tão desejada?

Já chegamos à conclusão de, da mesma forma caprichosa que o destino nos uniu, ele nos separou e que isso tudo é parte do nosso filme, da nossa mágica. Esse é o momento no filme em que os mocinhos estão separados e tristes, cada um ouvindo uma música e pensando no outro. E como eu tenho ouvido músicas e pensado nele. E pensado nele e ouvido as nossas músicas.

Eu queria poder lembrar de como é ter ele por perto. Ele é muito mais alto que eu? E como era mesmo o abraço dele? E os beijos, todos aqueles beijos, em todas aquelas esquinas, onde foram parar? E o que é que eu sentia mesmo quando ele deitava ao meu lado e dizia “eu te amo, menina”? Aquela era eu mesmo? Eu não sei. As lembranças se apagam, as sensações somem, fica só o vazio.

Ah, querido. Don’t you know that it’s just you? I got to get you into my life. What it means to hold you tight. Because to love him is to need him everywhere. Let me take you down, because I’m going to Strawberry Fields. And while I’m away I’ll write home everyday. Don’t let me down. Somewhere in his smile he knows that I need no other lover. All you need is love. She loves you, yeah, yeah. You make me dizzy, miss lizzy. He’s the kind of guy you want so much it makes you sorry, still you don’t regret a single day. I don’t know why you say good-bye, I say hello. I want you, I want you so badly, it’s driving me mad. Please, don’t wake me, no don’t shake me, leave me where I am. He’s just the guy for me and I want all the world to see we’ve met. I’ll be good as I know I should, you’re coming home, you’re coming home. Please, Mister Postman, look and see if there’s a letter for me. Will you still need me, will you still feed me, when I’m sixty-four?

Eu canto. Eu sonho. Eu preciso. Eu espero.
Eu te amo.

Amigos, amigas, família


E hoje eu acordei triste, sozinha. E chorei. E resolvi ler o meu caderno, onde as pessoas queridas – amigos e família, me deixaram mensagens para esse tipo de momento. Em outras vezes que o li, ele me fez chorar mais. Chorei a ponto de ter que parar de ler. Hoje, então, eu esperava mais um rio de lágrimas, mas eu precisava ouvir aquelas pessoas, precisava delas perto de mim.

Mas, sabe? Assim que comecei a ler, o meu choro cessou. E eu me senti feliz, imensamente feliz! Só por saber que eu ainda tenho aquelas pessoas, que elas gostam de mim, que eu gosto delas, que eu vivi sim uma vida com elas e que eu vou voltar em breve para elas.

Eu quero voltar para todos vocês! Meus colegas da ex-firma, tão queridos e inesquecíveis, mesmo que não trabalhemos juntos novamente, eu vou voltar para os nossos happy-hours no Júnior, os nossos almoços no Sesc. Meus amigos da escola, da faculdade, do coração, eu vou voltar para tudo o que nos uniu, o que ainda nos une o que nos unirá ainda mais, seja teatro, batatas no shopping, shows de rock, cinema, churrasco e cervejas. Minha família, avôs e avós, tios e tias, primos e primas, eu vou voltar para os nossos almoços, para os colinhos, beijos e abraços.

Eu posso dizer que o meu coração já voltou pra casa. Mas me esperem, porque todo o resto está voltando também.

P.S.: O final de semana passado foi de trabalho intensivo. A Mary Rose foi viajar e fiquei com o Airt. Fomos para Dun Laoghaire (ele quer pegar o tchú-tchú!) e a Aline e a Tamis vieram jantar aqui com a gente.

And it’s time to say good-bye

Hello!

One of the greatest things about being in an exchange program is that you’ll meet a lot of different people, who will be your family, will share your joys and will help you in the bad moments.

But, unfortunately, there’s a time when you’ll have to say good-bye. And the worst is that you know you probably never meet these people again, because there’s a big ocean between you. This is exactly the way I feel about Marion Dujardin, niece of Juan Dujardin, my lovely french roommate, who spent two months here in an interniship to conclude her studies.

We are completely different in many things, but completely the same in others. She made me company when I needed. She taught me to cook pan perdu, rattatouille and risotto. She helped me to buy my jacket and my blazer. She fought with the guy who was trying to steal my bag. She called the police for me.

And I will miss her so much! I will miss the way she speaks words without the “h”, just like: “I’m so angry”, meaning “hungry”. Or “I ate this place”, meaning “hate”. I will miss how happy she feels when she sees a store in sales. I will miss how angry she behaves when she wants to eat and we’re in a place with no food available.

But, thinking on the good side, I’m glad and thankful for meeting her. And I can say, with no doubt, that she was one of the best things that happened to me here, só far.

I’ll miss you, Marion!
I wrote this in English for you, because I know how ANGRY you feel when we speak in portuguese in your presence =P

I wish you all the best, all the luck and success with your new plans. And I really hope to see you again, in France or in Brasil ^^

Au revoir!

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Uma das melhores coisas em um intercâmbio é que você conhecerá muitas pessoas novas, que serão a sua família, dividirão as suas alegrias e te ajudarão nos momentos ruins.

Mas, infelizmente, chega a hora de dizer adeus. E o pior é que você sabe que provavelmente nunca mais verá essas pessoas, porque existe um oceano entre vocês. É exatamente assim que eu me sinto em relação a Marion Dujardin, sobrinha de Juan Dujardin, minha adorável colega de quarto, que passou dois meses aqui em um estágio para concluir seus estudos.

Nós somos completamente diferentes em muitas coisas, mas completamente iguais em outras. Ela me fez companhia quando eu precisei. Ela me ensinou a cozinhar pan perdu, rattatouille e risoto. Ela me ajudou a comprar a minha jaqueta e blazer. Ela lutou com o cara que estava tentando roubar a minha bolsa. Ela ligou para a polícia por mim.

E vou sentir tanto a falta dela! Eu vou sentir saudade do jeito que ela fala as palavras em inglês sem o “h”, como: “I’m so angry”, querendo dizer “hungry”. Ou “I ate this place”, querendo dizer “hate”. Eu vou sentir saudade de como ela fica feliz quando vê uma loja em liquidação. Eu vou sentir saudade de como ela fica brava quando está com fome e não temos comida nenhuma por perto.

Mas, pensando no lado bom, fico feliz e agradecida por a ter conhecido. E eu posso dizer sem dúvida que ela foi uma das melhores coisas que me aconteceram aqui até agora.

Sentirei a sua falta, Marion!
Eu escrevi isso em inglês para você, porque sei como você fica brava quando falamos em português na sua presença =P

Te desejo tudo de bom, sorte e sucesso nos seus novos planos. E eu realmente espero que possamos nos ver novamente, na França ou no Brasil ^^

Au revoir!

P.S.: A casa já está silenciosa sem ela aqui, tomando café e ouvindo uma música de balada meio irritante.

Quem te viu, quem te vê, verão!

Olá!

Sim, finalmente, após tanto tempo e nenhuma esperança restante, chega o verão a esta ilha gelada e chuvosa! E nada melhor do que aproveitar isso pegando um solzinho por aí =)

Sábado, entre umas e outras

Acontece que eu tive que trabalhar no sábado à tarde, para divulgar um menu especial no horário do jogo de futebol. Só que eu odeio perder o meu pouco tempo livre para conhecer a cidade, então decidi me esforçar ao máximo para aproveitar o dia. E quase morro, mas valeu a pena ^^

Hugh Lane – Gallery of Modern Art


A Hugh Lane Gallery foi fundada graças a doação do colecionador de arte Sir Hugh Lane em 1905. Porém, Dublin não tinha onde alocar as preciosidades e, por um tempo, a National Gallery de Londres foi escolhida como morada das pinturas. E eis que, nesse meio tempo, Sir Hugh Lane falece e a questão ficou meio complexa pois, mesmo que agora Dublin tenha encontrado um local digno, Londres não quer mais se desfazer da coleção. E a solução foi dividir o acervo, mas sem repartir ao meio, pelo amor de Deus! Os quadros ficam cinco anos em cada museu. E ainda bem que esses são os cinco anos de Dublin ^^

Olha as preciosidades que encontrei por lá:

Tuileries Garden – Edouard Manet


Porque eu adoro retratos de Paris em outras épocas, com gente, roupas, costumes diferentes. E impressionismo é impressionismo. E Manet é Manet. Lembrei de você, para variar, Carmenio José. Sei o quanto você gosta de Manet ^^

Boulevard de Clichy – Pierre Bonnard


Mais uma cena de Paris em outra época. Mas essa foi especial, porque mostra a Sacré Couer, a minha primeira descoberta em Paris ^^

Tea in Garden – Walter Frederick Osborne


Quer cena mais convidativa para tomar um chá do que essa? Como dá vontade de se reunir a essas pessoas, embaixo da árvore, protegidos do sol, para tomar uma xícara de chá…

Melodeon Player – Jack B. Yeats


Confesso que fiz confusão com Yeats. Acontece que existem dois Yeats irlandeses, talentosos e famosos e eu pensei que o escritor e o pintor fossem a mesma pessoa, mas não. Enfim, o trabalho do Yeats pintor anda me chamando a atenção nas galerias por aí.

Garden Green – Norah Mc Guinness


Gostei da simetria, das formas geométricas e do verde desse quadro. Perdi um tempo nele…

Sister – Shanaham


Não, eu não errei a imagem. Esse é o quadro mesmo. E não, eu não gostei. É só para mostrar que, estando em uma galeria de arte moderna, você está sujeito a “obras de arte” como essa. Poxa, alguém me explica o que tem de “Sister” nisso? O.O

Southern Window – Le Brocqui

Achei um quadro romântico e me lembrei das minhas avós, atarefadas nos seus afazeres domésticos, com florzinhas em suas janelas. s2

Sir Hugh Lane – Antonio Mansini

Olha ele aí, Sir Hugh Lane! Gostei muito desse quadro, é imponente e enooorme! 

Francis Bacon Studio


O espaço é uma recriação do estúdio utilizado pelo pintor Francis Bacon. Não conhecia o trabalho dele, sinceramente acho que não é para mim, mas gostei do caos do estúdio e de sua definição sobre ele, dizendo que precisava de caos para conseguir viver e criar. É o oposto de mim, mas a cena é impressionante =)

Iveagh Garden

O Iveagh Garden é um jardim difícil de ser achado, longe da minha casa e que tem o St. Stephen’s Green por perto para ocultar o seu brilho. Porque raios eu fui para lá então, em um dia tão corrido como sábado? Porque eu estava curiosa, oras! E fui recompensada =)

O jardim foi criado por Ninian Niven em 1860 e pertencia à Clonmell House, residência do Lord Chief of Justice. Ele tem algo de jardim secreto, talvez por ser tão escondido e por não ter turistas barulhentos. Por lá, você encontra pessoas tomando um sol na grama, lendo livros, passeando com cachorros ou crianças, almoçando. Quer coisa mais europeia?

E lá eu fiquei, tomei meu iogurte com bolachas (almoço de sábado) e dormi na grama, de frente para essa cachoeira linda. É, foi foda levantar para ir trabalhar depois de tudo isso! ^^

Domingo, vamos a la playa

Desde que comecei a pesquisar sobre a Irlanda e suas cidades, tive uma certeza: eu vou visitar Bray apenas no verão, em um dia de muito sol! Tudo bem, isso não fez muito mais sentido depois que descobri que a Irlanda tem praias muito melhores, mas ainda assim, um dia de verão, com sol, em Bray, vale a pena.

Bray é uma cidade no condado de Wicklow, um dos 26 da República da Irlanda. Ou seja, essa foi a nossa primeira viagem para além do condado de Dublin *___*. A cidade já foi muito popular e um reduto para os ricos da Irlanda passarem os dias ensolarados (e a lua-de-mel, como me disse Bepi – o pai dos meus trigêmeos >.<). Hoje em dia, sua popularidade não é lá essas coisas, mas é bonito do mesmo jeito ^^

E lá vamos nós, Matheus (um dos guris), Aline, Marion (nossa nova french flatmate – uma doçura de pessoa) e eu, parando no mercado para comprar coisas para comer, pegando 40 minutos de DART (a CPTM de Dublin, só que eficiente) e chegando naquela praia sem areia, com pedras, crianças e um cachorro.

Tudo parecia perfeito, tirando o fato de que eu peguei (pela segunda vez) uma virose dos meus bebês (quem acha que eu deveria começar a receber taxa de insalubridade levanta a mão!). E lá vou eu pra praia com dor no corpo, sem conseguir ingerir nada sem enjoar, mole e tonta. Só consegui dormir na areia e escalar metade de uma pilha de pedras, fato pelo qual até agora recebo zoações da Aline -.-

No final do dia, passadinha no Burguer King na O’Connell Street, onde finalmente consegui comer um lanche de frango, minha única refeição do dia. Mas foi tudo bom, mesmo assim =)

Segunda-feira, quebrando a rotina

Só para constar e registrar, graças a Marion – que é fã de Tim Burton como eu – fomos ao cinema assistir o novo filme dele, Dark Shadows. Olha o trailer ^^


Sabe, é isso que eu gosto. Gente nova, trazendo quebra de rotina, informações e histórias novas, palavras em francês, opiniões sobre o Sarkozy e a Carla Bruni. Seja MUITO bem vinda, amiga nova =)

Até mais!

Resumo do final de semana

Hello!

Eu sei, eu sei… Mais uma vez me embananei com as datas e as coisas a fazer e deixei o blog de lado. A semana foi uma loucura, com direito a virose fulminante no meio da semana (aham, peguei dos bebês >.<) e uma novidade que só vou contar depois =)

Mas, como o título promete, vamos ao resumão do final de semana!

City Hall, cuja beleza não pode ser expressada em palavras

[Essa frase não é minha, mas sim de algum apreciador de arquitetura, do ano 1779. Estava exposta por lá e eu adorei ^^]

O City Hall foi erguido em 1779 e, desde então, funciona como local de reunião do conselho municipal de Dublin. Tudo bem, isso não muita tem graça. A graça está, na verdade, na arquitetura do prédio – exterior (em estilo coríntio, imponente, que se vê de longe – pelo Liffey ou pela Dame Street) e interior (o teto, o chão, as paredes, tudo maravilhosamente decorado).

E lá estou eu, em uma manhã ensolarada mas gelada de sábado, entrando no City Hall. À minha primeira visão do interior do prédio, me surge um sorriso incontrolável no rosto e eu finalmente descubro qual é a coisa que eu mais gosto na Europa. TETOS.

Sim, tetos amplamente decorados, sem um pedaço de parede em branco, com afrescos, lustres, relevos em gesso, espelhos. Eu fico tonta, sem ar, com dor no pescoço, extasiada. Como esses caras eram criativos e perfeccionistas! Depois dessa constatação, tomei uma decisão importante: quando eu tiver a minha casa, terei um teto decorado e ponto. (Decisão já comunicada ao meu namorado, para o caso de que ele queira desistir agora >.<)

Mas o City Hall não tem só isso: o andar inferior abriga uma exposição sobre a história de Dublin, dividida entre as fases Medieval, Georgiana e Moderna. Por lá, muitos fatos e objetos interessantes, como essa caixa de madeira que guardava o selo da cidade – uma matriz em ouro que emprestava a sua forma à vela derretida que era usada para oficializar documentos importantes. O legal é que ela tem seis fechaduras e só abre se as seis forem acionadas ao mesmo tempo. Na época, cada chave ficava com um dos conselheiros da cidade.

Outra coisa INCRÍVEL é essa carta – escrita de próprio punho por um rei da Inglaterra (não lembro quem era agora =/) – legalizando a conquista da cidade, após a derrota dos vikings. Porra, esse negócio foi escrito por um rei da Inglaterra há mais de mil anos atrás. Dá para acreditar?


Temple Bar Food Market, com o aroma que você sente de longe

Como eu já comentei na semana passada, descobri essa deliciosa feira de comida no Temple Bar, a região boêmia de Dublin. Ela ocorre todos os sábados e reúne barracas de queijo, ostras, comida mexicana, japonesa, de fazenda típica irlandesa, salsichas, temperos, legumes orgânicos, doces, crepes… Sim, eu levo uma meia hora para decidir o que comprar.


Dei uma passadinha por lá para comprar um docinho, pois tentarei estabelecer a meta de comer uma coisa diferente da feira em cada sábado. Hum, o doce em questão era um pão de iogurte e amoras. Não estava espetacular, mas era gostoso ^^

Internacional Food Party, onde você come até cair

Já fazia um tempo que queríamos (eu + meus amigos da escola) organizar uma festa internacional de comida, cada um representando o seu país na cozinha. E, finalmente, após milhares de mensagens no Facebook, lista rolando na sala e 5 euros de cada um, a festa aconteceu, na tão famosa casa dos guris de Floripa!

Tinha umas 20 pessoas por lá, brasileiros, espanhóis, russos, irlandeses, um uruguaio e uma africana. O cardápio foi:

– Borsh (sopa russa com beterraba e carne), por Lana e Ksenia
– Panquecas com leite condensado, por Masha
– Bolo de milho salgado e batatas assadas, por Mark
– Omelete espanhol (omelete feito de batatas), por Jose e Ivana
– Feijoada, por Marquinhos e Matheus
– Brigadeiro, por Fabrícia

É incrível poder trocar experiências com pessoas de países diferentes, aprender receitas, danças, idiomas. Sabe, muito além de aprender inglês, estou amando aprender coisas sobre a Rússia, Espanha, França, Coréia do Sul, Colômbia, Uruguai, Botswana e Florianópolis (>.<). É algo que não esperava encontrar e que está fazendo toda a diferença.

P.S.: Esqueci de levar a minha máquina para a food party. Burra, eu sei. Então, estou no aguardo das pessoas postarem as fotos no Facebook, para que eu possa compartilhá-las por aqui.

P.S: Já comentei meu novo vício, que está ganhando da Nutella fajuta? The Big Bang Theory. Todo dia, no mínimo, dois episódios antes de dormir. Senão o dia não fica completo s2

See you!

Dun Laoghaire: primeiro contato com o mar

Olá!

Quem aqui assistiu o filme “P.S. I love you” deve se lembrar da clássica cena em que os dois se conhecem. No meio da conversa, ela diz que foi para Dun Laoghaire, em um sotaque americano muito engraçado. E ele corrige, dizendo que o correto é algo como “Dan Liri”.

Pois bem, Dun Laoghaire foi o destino escolhido para começar as andanças para fora de Dublin. Não necessariamente por causa do filme. Só me pareceu uma opção atraente para uma sexta-feira sem aula. E, sabe de uma coisa? Foi uma decisão super acertada =)

Para chegar lá, pegamos o DART (o trem irlandês, lindo, rápido, confortável, barato), pagamos 4,70 euros (ida e volta) e chegamos em 20 minutos (11 estações de Dublin). Fomos com as nossas amigas da escola e com as amigas das nossas amigas da escola. No total, 7 brasileiras, 1 russa e 1 italiana =)

A cidade é localizada na costa leste da Irlanda, a 11 km de Dublin, e é o maior porto para barcos e passageiros da Irlanda. Dun, palavra gaélica, quer dizer forte, fortaleza. Laoghaire era o nome de um dos reis supremos da Irlanda, antes da chegada dos Vikings. Então, a tradução é algo como “Fortaleza de Laoghaire”.

Quando os ingleses aqui chegaram, no século 11, renomearam a cidade para Dunlary, uma adaptação para a língua inglesa. Em 1821, a cidade foi renomeada para Kingstown, em homenagem a visita do Rei George IV à Irlanda. E assim permaneceu até 1921, quando o conselho da cidade votou a favor de voltar ao nome irlandês original.

A principal atração da cidade é um enorme píer, em que ficam atracados inúmeros barcões, barcos e barquinhos. O formato do píer é muito curioso, quando visto do alto. Na encosta dele, temos pedras cheias de limo, areia e o Mar da Irlanda. Olha, se fizesse um solzinho e água não fosse tão gelada, daria até para pegar uma praia =P

A minha primeira constatação foi “Droga, deveria ter trazido mais blusas”. Porque em Dublin venta mas, em Dun Laoghaire, venta pra burro! A primeira parada foi o píer, em que caminhamos por mais de uma hora, parando para fotografar aquelas paisagens surreais a cada minuto, sentindo o vento gelado e o cheiro de mar, ouvindo o barulho das ondas contra as pedras.


Mais tarde, com as mãos inchadas de tanto frio, fomos para o centro da cidade. Uma graça, lojinhas e casinhas mais charmosas que as de Dublin, igrejinha, feirinha de comidas e flores, bem coisa de interior mesmo. Como tinha um shopping ali perto e como o grupo era composto por mulheres, decidimos dar só uma olhadinha (ah, vá?). Acabamos almoçando por lá (wrap de frango com chips, por 3,50 euros).

Alimentadas e mais animadas com o sol que aparecia timidamente por lá, fomos para o People’s Park, o parque da cidade. Todo florido, com árvores russas (de acordo com a russa do grupo, Lana), com tulipas (*___*), com crianças jogando futebol e pulando corda, com velhinhas conversando. Encantador =)

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Apesar de todas as andanças, ainda tínhamos energia, então decidimos ir andando até Dalkey, uma cidade vizinha, que já foi chamada de “A Cidade dos Sete Castelos”, por causa dos castelos medievais que lá foram construídos, dos quais só restam dois atualmente. Infelizmente, chegamos tarde para a visita ao interior do castelo, mas valeu para conhecer.

Agora sim, mal aguentando o próprio peso do corpo, pegamos o DART e viemos para casa. Esgotadas, geladas, com os pés inchados, mas felizes! Missão cumprida, dia feliz e proveitoso, uma cidade a mais na bagagem ^^

P.S.: O final de semana entediante. Sábado, em casa. Sábado à noite, festa estranha com gente esquisita com duas constatações: 1) Franceses são muito loucos! 2) Brasileiros são muito folgados! Domingo, em casa, arrumando o quarto, fazendo o mercado, cozinhando feijão.

P.S.: Obrigada por mais um mês aqui, ao meu lado, mesmo longe. Esses três meses foram os mais mágicos e surreais de todos. Afinal, desde que você chegou na minha vida, mágica é o que não falta. E que venham mais 3, 9, 17, 27, 39, 45, 57, 167, 278, 389, 467, 568 meses. Afinal, a gente tem amor que dá e sobra para todos eles =)

P.S.: Amanhã, primeiro dia de emprego! Uau, fazem mais de 53 dias que eu não sei o que é pegar no batente. Será que eu ainda dou conta? Torçam por mim =)

Até mais!

St. Patrick’s Day

Olá!

Olha que orgulho, estou postando em dia \o/

Ontem foi o dia de St. Patrick, famoso padroeiro da Irlanda, que trouxe para cá o Cristianismo. Eu poderia dedicar este post à vida dele, à missão a que ele foi designado aqui e às lendas a respeito disso tudo. Mas, como a maioria das pessoas associa este dia não aos feitos de St. Patrick, mas sim a bebibas e bagunça, vamos falar do lado mais festivo da comemoração. Deixo os feitos de St. Patrick para outro dia, na ocasião da visita a sua incrível catedral (que estou louca para conhecer *_____*).

O dia em que todo mundo quer ser irlandês

Essa data (17 de março) já era comemorada pelos irlandeses desde o século X. Porém, apenas em 1600, é que se tornou reconhecida pela Igreja Católica. Em 1903, o governo reconheceu a data como um feriado público. A primeira parada aconteceu em 1931 e o primeiro festival apenas em 1996, com uma audiência de 430 mil pessoas. Em 1997, o festival durou três dias. Já em 2001, foi prestigiado por mais de 1,2 milhões de pessoas. Atualmente, a organização do evento leva mais de 18 meses para planejar o festival. Ou seja, nesta hora, já estão planejando o do próximo ano! o.O

Dias de pura festa!

Este ano, por causa do feriado bancário que é na segunda-feira, o festival durou quatro dias. E com programações para todos os gostos: música, dança, parada, exposições. Escolhi algumas coisas para fazer mas, como as mais legais aconteceriam no sábado – e competiriam com os pubs e bebidas, acabei perdendo.

A parada é o ponto alto do festival. O tema deste ano era “Explorando as maravilhas e curiosidades da ciência”, baseada em perguntas que as crianças sempre fazem: “O que faz a água mudar? Como a eletricidade é feita?” e as respostas das crianças de escolas de todo o país, mais malucas do que as próprias perguntas (Porque a gente sonha? “We dream because our brain is bored”. Como podemos dizer a idade de uma floresta? “If you go deep enough into the forest, which you probably won’t, you might find a talking bear or fox and they will tell you”), ajudaram a criar o conceito criativo da parada. Algumas empresas, de toda a Irlanda, ficaram responsáveis por responder a cada uma dessas perguntas em cada bloco da parada.

Para pegar a parada, saímos cedo de casa. No caminho, mesmo aqui em Palmerstown, você já via muitas pessoas e crianças de verde e laranja, carregando bandeirinhas, com os rostos pintados, com chapéis engraçados. Chegando no centro, começou a magia do negócio. Quem já foi em um show de rock deve imaginar do que estou falando. Sabe aquele momento em que o pessoal vai entrando no estádio, vestido de preto e com a camiseta da banda e você sente aquela energia, aquela empolgação, de todo mundo estar ali pelo mesmo objetivo? Pois bem, ontem foi assim, só que mais alegre. Afinal, estava todo mundo colorido e engraçado \o/

Não ficamos na rua principal, pois estava impossível de tão lotada. Fomos para a Damien Street, dica do professor Ciaran, uma rua secundária por onde a parada passa. Bem menos pessoas e eu consegui subir em um meio poste que estava na calçada e fiquei responsável pelo registro fotográfico do evento.

E demorou, só depois de umas duas horas que estávamos ali, é que os primeiros movimentos passaram. Começou com uma carruagem, com a filha do presidente lá dentro. Depois, um ônibus de dois andares com gente importante, talvez o próprio presidente estivesse lá, não consegui saber. Depois bandas de marchinha, uma graça. E logo vieram os blocos alegóricos. Lindos, criativos, teatrais. Adorei!


Depois da parada, decidimos que era hora de começar os trabalhos com as bebidas! Como a prefeitura já sabe como é, a venda de bebidas só foi liberada nos supermercados após as 16h, horário em que as famílias com crianças já teriam deixado a área central. Medida super sensata na minha opinião, já que o pessoal não estava para brincadeira ontem no quesito bebedeira.

Compramos as bebidas no supermercado (6 latas de Guinness – das quis bebi 4 = 2 litros – por 10 euros), fomos para a casa dos guris de Floripa e ficamos por lá, bebendo, conversando, cantando e tocando violão, ouvindo rock ‘n roll e David Gueta (que a Marcela insistia em colocar – “Gente, rock é música para quando estou sóbria! Quando estou bêbada, quero ouvir David Gueta!”). Foi muito legal. O pessoal é muito gente boa e é incrível você poder contar com pessoas que estão na mesma situação que você, compartilhar histórias, trocar informações. Adorei passar o St. Patrick’s Day com vocês e com a Guinness, guys =)

El logo começou a cantoria: “Pub, pub, pub, pub!” e decidimos que era hora do pub, finalmente. O centro já estava completamente mudado. Vários prédios estavam verdes “Olha, Aline! O GPO tá verde, vamos tirar foto! Eu adoro o GPO, seu lindo!”, havia sujeira nas ruas (que feio, pessoal!) e gente bêbada por todo o lado. Comemos no Mc Donald’s (rápido e barato) e saímos à procura de um Pub. E nada, tudo lotado, com 20 minutos de espera para entrar, seguranças mal educados “Aqui no Temple Bar tem mais de 20 pubs. Escolhe outro então, já que não quer esperar” e um frio dos diabos.

Achamos um que poderia acomodar a nossa pequena comitiva de quase 15 pessoas e entramos. Lotado, quente, gente bêbada dando vexame (tipo, a mulher estava com um vestido, sem calcinha e com tudo de fora, tenso). E o som era um eletrônico, meio pop e muito safado. Cara, onde estão os pubs de rock dessa cidade?

Não aguentamos muito, a ressaca começava a fazer efeito e decidimos que era hora de ir pra casa. Se fosse em São Paulo, pagaríamos uma fortuna por um táxi ou ficaríamos largadas em um canto, até os ônibus voltarem a circular. Mas aqui é Dublin, então conseguimos pegar o Night Bus, que passa de uma em uma hora e cobre os principais pontos da cidade. Ele é mais caro (5 euros), mas é uma salvação! Fiquei encantada =)

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E hoje, dá-lhe água para fazer a ressaca passar! Por enquanto, estamos descansando em casa, até que alguma inspiração divina ou mensagem surja, dizendo onde será a boa de hoje (afinal, amanhã é ferido = no classes!). A boa notícia do dia é que nos mudamos amanhã! Poder cozinhar, economizar em comida e condução e se sentir mais à vontade, não tem preço =)

Até!

De um país para outro

Olá!

Vos falo do quarto da minha host-family, banhada, aquecida, alimentada, após uma longa maratona de acontecimentos. Estou cansada, mas estou feliz. A cabeça está confusa, mas acho que foi mais ou menos assim…

– No dia da despedida, reinava na minha casa um silêncio que nunca existe por lá. Ninguém se falava, todo mundo com cara triste. Eu mal consegui almoçar, só comi porque era a minha refeição preparada pela Mamis em 2012 (arroz, feijão novinho, bife, vagem refogada e salada).

– No aeroporto, um monte de gente especial estava lá para me apoiar: minha família, família da Aline, Bá, Bru e João Victor, Ju, Lex, Jojo, Celina e Maria Thereza, Carlos Roberto. Foi assustador dizer para eles: “tchau, até o ano que vem”. Meus pés se arrastavam, eu tremia, eu chorava. O meu amor me dava a mão, a minha mãe me abraçava e chorava, as pessoas faziam promessas. Foi lindo. Foi triste.

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– A imigração foi demorada, só tinha um funcionário trabalhando. E tinha muito brasileiro para passar por lá. É, tem brasileiro demais no mundo. O cara que me atendeu foi simpático. Perguntou se eu já visitado “the UK” antes. Eu disse que sim. Perguntou se eu tive algum problema. Eu disse que não. Perguntou quanto tempo eu ficarei com eles (achei simpático isso). Eu disse um ano. Ele disse ok e carimbou o passaporte. Simples assim =)

– Mas a alegria de brasileiro intercambista dura pouco. Chegando na esteira das malas, onde estão as malas? Não estão, ficaram em Madrid. Ah, e agora? Agora vocês deixam o endereço e entregamos amanhã. Ah, que coisa. Mas é sem falta né? Sim, isso acontece o tempo todo, estamos acostumados. Ah, tá. Mas o tempo todo em Dublin, no mundo ou com a companhia Ibéria (não, eu não perguntei essa última, achei indelicado).

– Sem malas, com fome, com sede, sem itens de higiene pessoal, fomos ao centro. Pegamos um ônibus no aeroporto (7 euros) e descemos na O’Conell Street, a principal avenida de Dublin. Fomos à farmácia (6.99 euros). Decidimos tomar uma para relaxar. Escolhemos o Madigans, o pub o primeiro à vista, porque estava frio pra burro. O pub era meio velho, meio cheirando a mofo, passando um jogo de rugby, como um pub deve ser (São Paulo, aprenda como se faz!). Primeiro brinde (eu de Guinness, ela de Heineken) a nós. Porque merecemos e não temos calcinhas, não temos shampoo e não temos pijamas.

– Pegamos um táxi, com um motorista velhilho, que ficava cantarolando no caminho. Não consegui tudo o que ele disse não, falava meio enrolado. Mas nos mostrou o centro, bonitinho. Chegamos em 15 minutos (20 euros).

– E chegamos na casa, no que parece ser um condomínio fechado, chamado Woodfarm Acres. Casas lindas, parecem coisa de filme. Sem portões. A nossa é de tijolinho marrons. Tocamos a campanhia. Espero uma senhorinha amigável. Me aparece um cara tatuado e cheio de piercings, o Tomy. Descubro que ele é filho da host-mother, o host-son, e que ela está fora e só volta na quarta. Cara, que situação mais estranha. Falar ao vivo e a cores, com um cara que não fala a minha língua. Tive que me virar. E me virei =D

– Ele é legal, nos mostra a casa, se mostra solidário com a nossa situação, nos empresta toalhas. Tomamos banho, organizamos as coisas. Vamos jantar. Tomy deixou pratos de macarrão a bolonhesa preparados pra gente. Gostoso, mas sem sal e, como eu não achei mais sal para colocar, comi assim mesmo. Do nada, aparece um outro cara, falando um inglês todo enrolado. É o Miguel, espanhol da Galícia, ficará aqui só até amanhã. Já jantou, obrigada. Vai fumar um cigarro no quintal. Lavamos a louça. O Miguel volta e pergunta do carnaval do Rio. Ah, que pergunta mais default. Mas ele é legal =)

Depois eu mostro as fotos da casa, explico melhor como é aqui. Minha cabeça está rodando ainda, preciso me acostumar, olhar direito, formar uma opinião e depois mostro tudo para vocês.

P.S.: Por favor, sejam adeptos de qual religião forem, orem/rezem para que as nossas malas cheguem amanhã. Precisamos de todo o apoio e pensamento positivo possível =)

Time to bed.
See you tomorrow!

Amor, origem, família

Olás!

Desculpem a ausência, mais uma vez. Acontece que, quando se está em casa, o tempo passa rápido de mais e a lista de coisas a fazer vai aumentando. Somem a isso o fato de que estive com um bloqueio criativo por conta do pânico crescente e evitei tocar neste assunto do intercâmbio por alguns dias (como se fosse possível, mas tudo bem).

De novidades, posso dizer que está quase tudo pronto. Documentações, mala comprada, roupas limpas e perfumadas, livros separados, remédios comprados. Falta só juntar a trouxa e por nas costas. É, acabou a fase gostosa do planejamento.

E tive a minha última despedida, deixada para o último final de semana por se tratar das pessoas mais especiais que existem e que estão conectadas comigo por algo tão forte, que é indestrutível. É o amor. É a origem. É a família.

A despedida foi comemorada em conjunto com o aniversário de 30 anos da minha querida prima Aracelli (para os curiosos, significa altar do céu). E tava quaaaaase todo mundo, o que significa muita gente.

E teve comida para um batalhão, música, sessão de fotos, recomendações especiais, carinhos das vovós e dos vovôs, palhaçada com os primos, bolo, doce de abóbora, chororô, risadas, presentes, carinho.

E foi extremamente difícil dar tchau para essas pessoas. Foi horrível pensar que ficarei tanto tempo sem vê-las, mesmo que não nos vejamos com tanta freqüência. É filha, você pensou que seria tudo fácil?

Acompanhem as fotos e vejam como os Rossi e os Lima se parecem ♥

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P.S.: Um agradecimento especial à presença do João Mário, Alex Simão e Milene Vitória, meus amigos mais antigos e que estão sempre comigo.

P.S.: Aracelli Lima, eu adorei compartilhar a festa contigo! Não teria sido tão especial assim se você não tivesse participado.

P.S.: Victoria Lima, sua bitch. Eu quase que desisto de ir por sua causa. E isso significa muita coisa. Te amo, amo, amo, amo, meu orgulho.

P.S.: Tia Rute, Vó Nena e Vô Zenas, a emoção do abraço que vocês me deram ainda está gravada em mim. E me dá vontade de chorar até agora.

P.S.: Carlos Roberto Sponteado, obrigada por dividir o seu dia e o seu amor comigo. E me desculpe por estragar tanto a sua vida.

P.S.: Mamis e Papis, mais uma vez, obrigada pela festa, ajuda, força, amor e toda a comida. Estou levando a imagem de vocês dois de avental e toquinha no meu coração.

P.S.: Por fim, para provar que o meu bloqueio passou, segue a contagem regressiva: faltam 5 dias.

Até mais!

Como é grande o meu amor por vocês

Hello :)

Se eu sempre vou iniciar alguns posts com trechos de músicas de cantores de MPB? Não, eu juro que não é proposital. É só que alguns momentos especiais vêm acompanhados de trilha sonora, sabe?

O momento em questão foi a minha despedida dois, no último domingo. O lugar? Minha casa. O cardápio? Feijoada. As pessoas? Família, que não é do meu sangue, mas que é minha família, sim senhor.

E teve música alta, dança no meio da sala, milhares de latas de cerveja, abraços e beijos, como sempre tem com eles. Mas teve também textos bonitos do Seu Zé Maria e do Allan – os poetas e um vídeo tão, mais tão emocionante da Tábatha, que me fez chorar compulsivamente por longos minutos – fato inédito até agora.

E foram tantos os desejos de boa sorte e sucesso, tantos os conselhos e recomendações, que eu me sinto completamente amparada agora. E não sai da minha cabeça o que disse a Hedynha: “Se der alguma coisa errada, você grita “HELP ME!” e vamos lá e “UAU”, te trazemos de volta”.

E, depois de tudo isso, ainda sou convocada à sala para uma música em minha homenagem, cantada por uma roda de pessoas lindas. E essa era a música:

Como é Grande o Meu Amor Por Você
Roberto Carlos

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você

E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você

Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor
Nem mais bonito

Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você

Nunca se esqueça, nem um segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você

Mas como é grande o meu amor por você

Ah, assim vocês acabam comigo *________*

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P.S.: Agradecimentos especiais ao papis e a mamis, pelo planejamento e organização do encontro, além de cozinharem uma incrível feijoada para mais de 40 pessoas. Vocês são os meus heróis ♥

P.S.: Pontos extraídos da boca, procuração assinada e entregue no banco, demissão em processo no RH, livros de inglês sendo usados novamente. Tudo caminhando.

That’s all, folks!